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Direitos Humanos

Engenheiro renova apelo por doações para projeto habitacional no Haiti

Contribuições podem ser feitas pela internet até 10 de fevereiro
Léo Rodrigues – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 05/01/2019 - 16:47
Rio de Janeiro
Porto Principe (Haiti) - Ruínas no bairro de Bel-Air
© Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Uma campanha de financiamento coletivo busca dar um passo decisivo para tirar do papel um projeto de extensão desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) voltado para a construção de moradias populares no Haiti. O objetivo é arrecadar recursos para iniciar as obras de uma pequena comunidade que abrigaria inicialmente 15 famílias da cidade de Duchity, situada em uma região afetada pelo terremoto de 2010 e pelo furacão Matthew, em 2016.

Porto Principe (Haiti) - Ruínas no bairro de Bel-Air
Terremoto que devastou o Haiti completa nove anos na próxima semana - Marcello Casal Jr./Arquivo/Agência Brasil

A iniciativa é do engenheiro Jac-Ssone Alerte, que nasceu em Duchity, a oeste da capital haitiana, Porto Príncipe, vive no Brasil desde 2008 e é formado na UFRJ. "É uma satisfação grande ver o projeto saindo do papel." Jac-Ssone diz que, um jovem engenheiro como ele, tem que se preocupar e colaborar com sua comunidade. "Não sabemos os desafios de amanhã, mas o que está ao nosso alcance hoje é iniiar início a esse projeto. Transformar o local onde eu nasci e me sentir útil."

A proposta de Jac-Ssone é aplicar, em regime de mutirão, a técnica solo-cimento, que vem sendo estudada há alguns anos por pesquisadores da UFRJ como uma alternativa a métodos convencionais empregados pela indústria da construção civil. A técnica é sustentável e de baixo custo.

Com duração de 60 dias, a campanha para arrecadar recursos tem duração de 60 dias, começou no dia 13 do mês passado e se encerra em 10 de fevereiro. A meta é levantar R$ 45 mil, total estimado para compra de uma máquina para fabricar tijolo solo-cimento e construção da primeira casa. Até , agora, porém, apenas 16% foram arrecadados – cerca de R$7 mil. A campanha é realizada na modalidade "tudo ou nada", o que significa que, se a meta não for alcançada, o dinheiro será devolvido aos doadores.

Para Jac-Ssone, a iniciaitva pode ser exemplo para qualquer lugar do mundo. "Eu acredito no potencial de colaboração das pessoas. Se não conseguir a arrecadação, ainda não sei qual será o plano B", afirma o engenheiro.

As doações são feitas pela internet, e os colaboradores poderão receber brindes como camisetas e chaveiros, além de ter o nome gravado em um tijolo da "parede dos doadores", que será erguida na comunidade.

Os contribuintes ganharão ainda uma cópia digital do livro (Re)construindo um Sonho, que Jac-Ssone lançou no ano passado para apresentar suas ideias e contar sua história. Os recursos arrecadados com a venda dos livros impressos também estão destinados ao projeto.

Famílias desabrigadas

Em janeiro do ano passado, Jac-Ssone disse à Agência Brasil que o projeto de extensão prevê a construção da Village Marie no bairro de Don de L’Amitié, onde ele viveu. Segundoo Jac-Ssone, o nome da comunidade é uma homenagem à sua mãe. O terreno já foi adquirido e os beneficiários, selecionados com base em perfis socioeconômicos. São famílias desabrigadas em decorrência do furacão Matthew.

O plano urbanístico prevê ainda a construção de posto de saúde, escola e de uma área voltada para o comércio. Dessa forma, além das 15 famílias que serão assentadas, os demais moradores do bairro de Don de L’amitié serão beneficiados. Atualmente, eles sofrem com a carência de equipamentos públicos e com a inexistência de saneamento básico e de um sistema amplo de distribuição de energia, diz o engenheiro haitiano.

De acordo com Jac-Ssone, os imóveis serão seguros e resistentes a tremores e ventos fortes. A iniciativa tem ainda o objetifo de chamar a atenção para a necessidade de melhorar as políticas habitacionais no Haiti.

O engenheiro lembrou que o impacto das tragédias ambientais é otencializado pela frágil estrutura das edificações no país. O terremoto de 2010, que completa nove anos na próxima semana, atingiu 7 graus na escala Richter e causou a morte de cerca de 200 mil mortos. Já o furacão Matthew provocou mais de mil mortes em 2016.