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Direitos Humanos

Governo envia novas equipes de socorro à Terra Indígena Yanomami

Eles começam a chegar a Roraima neste domingo
Karine Melo
Publicado em 04/02/2023 - 14:15
Brasília
Malocas de aldeias Yanomamis na região do Surucucu, dentro da Terra Indígena Yanomami, Oeste de Roraima, avistadas em sobrevoo da Força Aéra Brasileira para lançamendo de suprimentos em ajuda humanitária.
© Fernando Frazão/Agência Brasil

Nova comitiva com representantes do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) chega à região Yanomami na próxima segunda-feira(6). Ela dará continuidade ao trabalho, da comitiva anterior, de coletar informações e diagnósticos sobre a tragédia humanitária em territórios indígenas em Roraima. Estão agendadas, ainda na segunda-feira,  visitas à Casa de Saúde Indígena (Casai), ao hospital da Criança e do Sistema Único de Saúde (SUS), além do Hospital Geral de Roraima (HGR). Na terça-feira (7), estão previstas visitas a aldeias que integram o território Yanomami, em Surucucu, com o mesmo objetivo.

Desde o dia 27 de janeiro o MDHC instituiu o Gabinete de Enfrentamento à Crise Humanitária em território Yanomami. A iniciativa emergencial faz parte das ações prioritárias para o enfrentamento às violações de direitos reveladas na região de Boa Vista (RR). Objetivo é propor medidas urgentes para o contingenciamento da crise e a formulação de um plano de ações de médio e longo prazo.

Saúde

Em outra ação, grupos profissionais voluntários desembarcam em Roraima neste domingo(5).  São ao todo, 40 profissionais — entre nutricionistas, farmacêuticos, assistentes sociais, médicos e enfermeiros - habilitados no programa do Ministério da Saúde. Eles vão compor nove equipes multidisciplinares focadas nos atendimentos prestados na Casa de Saúde Indígena (Casai) e percorrer três polos de atendimento de saúde nos territórios indígenas de Auaris, Surucucu e Missão Catrimani na busca ativa de pacientes.

Para isso, os profissionais vão passar por treinamentos específicos para socorrer casos de desnutrição e malária. “Com a dificuldade de deslocamento nas regiões, muitas vezes, os doentes só procuram atendimento em estágio muito grave, o que aumenta o risco de óbitos”, explica a coordenadora do Centro de Operações Emergenciais (COE) - Yanomami, Ana Lúcia Pontes que também é médica sanitarista e pesquisadora da Fiocruz.

O número de casos de malária registrados nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas ( Dseis), que em 2018 era de seis mil, saltou, atualmente, para cerca de 20 mil. Para Ana Lúcia, esse cenário afeta, principalmente, crianças menores de 9 anos e gestantes. “Cerca de 50% das crianças têm desnutrição moderada e grave. No caso das gestantes, o dado é de mais de 40%, entre as que fizeram algum tipo de acompanhamento. Os números são críticos, sendo que os dados de mortalidade mostram que as principais causas são de doenças diarréicas, respiratórias e malária, ou seja, quadros que podem ser evitados”, avaliou.

COE

O trabalho desse grupo de voluntários que faz parte da Força Nacional do SUS terá a duração média de 14 dias sob articulação e planejamento do Centro de Operações Emergenciais (COE). Instituído pelo Ministério da Saúde e coordenado pela Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) é composto pela Defesa civil; Casa Civil da Presidência da República, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Ministério da Defesa, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério do Desenvolvimento Social e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Além dos voluntários, o COE também coordena a distribuição de alimentos, a reposição de insumos de saúde e o envio de estruturas móveis de internet que vão melhorar a comunicação com os polos de saúde. Durante os atendimentos, os pacientes em situação mais grave são encaminhadas para os hospitais de referência.