Expectativa de vendas para o carnaval divide comerciantes do Rio

Publicado em 09/02/2015 - 14:56 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Pesquisa do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) revela que, por influência do carnaval de rua, o comércio carioca deve ter incremento de 3% nas vendas até a Quarta-Feira de Cinzas (18). A sondagem ouviu 300 lojistas da cidade, de 28 de janeiro a 2 de fevereiro.

“O carnaval de rua movimenta muito as pessoas, e elas acabam consumindo muitos adereços, tecidos para fantasias, bermudas, camisetas”, disse hoje (9) à Agência Brasil o presidente do CDLRio, Aldo Gonçalves. Ele acredita que esse movimento vai impactar positivamente as vendas do mês, mas disse que ainda não tem uma estimativa de quanto será o aumento em termos percentuais.

Gonçalves ressaltou, porém, que o comércio nacional não atravessa uma fase muito boa, e que “o centro do Rio de Janeiro, em especial, tem sofrido muito com as obras em curso, dificuldade de circulação e engarrafamentos”. De acordo com a pesquisa do CDLRio, o tíquete médio das compras fica em torno de R$ 150. O cartão de crédito parcelado é a forma de pagamento mais usada pelos compradores.

O otimismo do presidente do CDL-RJ não é compartilhado pelos dirigentes da Sociedade dos Amigos da Rua da Alfândega e Adjacências (Saara), maior shopping a céu aberto do estado. O presidente da Saara, Ênio Bittencourt, disse que as obras promovidas pela prefeitura na cidade têm provocado, de julho do ano passado até agora, perdas entre 30% e 40% para o comércio local.

“O carnaval está muito desanimado. O Natal já foi ruim e o carnaval vai pelo mesmo caminho. O povo está sem dinheiro”, disse Bittencourt. Ele espera que haja melhora nesta semana que precede o carnaval, levando os comerciantes a recuperar as perdas, uma vez que a cidade está cheia de turistas. Promoções e oferta de descontos à vista são iniciativas adotadas pelos empresários da Saara para atrair clientes.

Bittencourt informou que os artigos mais procurados são camisas de clubes de futebol e fantasias “baratinhas”, além de colares havaianos. As máscaras, segundo ele, estão tendo pouca saída neste carnaval. Aldo Gonçalves, destacou, porém, que embora as vendas na Saara se mostrem em ritmo lento, “as pessoas estão comprando em Madureira, na zona norte, e na zona oeste da capital fluminense”. Após o carnaval, a perspectiva é de queda para o comércio em geral.

O ano de 2015 mostra um cenário muito próximo do ano passado, com economia em ritmo hesitante e um mercado de trabalho que não absorve mão de obra, como ocorreu nos últimos anos, apesar de ter um índice de emprego elevado, diz o gerente de Economia da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), Christian Travassos.

Segundo ele, no período do carnaval, não é diferente. O consumidor está “pisando no freio, mais seletivo no consumo”, disse o economista. De acordo com Travassos, o estado do Rio apresenta um mercado de trabalho ainda forte em termos de estoque, mas não de variação. “Em termos de estoque, as pessoas, bem ou mal, continuam empregadas”.  Como o Rio de Janeiro é intensivo em empregos na área de serviços, ele acredita que os empresários vão apostar nas datas comemorativas  para alavancar as vendas e garantir o efetivo empregado. “Em um momento adverso da economia, as datas comemorativas ganham relevância. Os empresários vão apostar em promoções, em pacotes, como tem ocorrido no carnaval”.

Travassos reconheceu que há variações em relação a áreas industrializadas, como o ABC Paulista, onde o carnaval será bem diferente do das cidades litorâneas fluminenses, como Paraty, na Costa Verde, ou Armação dos Búzios, na Região dos Lagos, por exemplo, ou mesmo o Rio de Janeiro, que se prepara para receber as Olimpíadas, em 2016, e tem um turismo efervescente. “São cenários distintos, desiguais, mas que, na média, nadam na maré morna da economia.”

Não há projeção de expansão de vendas do comércio fluminense no carnaval. O cenário é de estabilidade, acentuou Travassos. Para ele, não deve haver mudança no quantitativo de empregados, o empresariado deve segurar os investimentos, aguardando o que vai ocorrer na economia, para ver se o ímpeto do consumidor volta no segundo semestre. Há ainda expectativa em relação às medidas que serão adotadas pelo governo. “O comércio está vigilante neste momento desfavorável da economia”. Algo mais significativo, só em 2016, afirmou.

Segundo a Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur), 977 mil turistas estarão na cidade para passar o carnaval e assistir aos 456 blocos de rua, gerando a entrada de US$ 782 milhões na economia, oriundos do turismo, contra US$ 665 milhões no ano passado.


Fonte: Comerciantes divergem sobre crescimento das vendas no carnaval deste ano

Edição: Stênio Ribeiro

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