Estudo da Fiesp mostra aumento de demissões na indústria de transformação

Publicado em 06/02/2015 - 20:25 Por Michèlle Canes - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Em 2014, a indústria de transformação teve o pior desempenho em relação ao emprego, desde 2002, de acordo com estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O levantamento analítico mostra que, no ano passado, o setor demitiu mais do que contratou, perdendo 164 mil empregos formais, o que representa queda de 2% em relação a 2013.

Segundo a Fiesp, em 2009, sob os efeitos da crise financeira internacional, o desempenho do emprego na indústria de transformação não foi negativo.

O trabalho "A Importância da Indústria de Transformação na Ótica do Emprego" mostra também algumas das implicações da queda no setor com relação à renda. “A queda da participação da indústria no emprego total provoca redução do salário médio da economia. Em contrapartida, os setores que mais cresceram sua participação no emprego total são setores que remuneram o trabalhador abaixo da média da economia”, ressalta a análise.

Com relação ao desempenho recente do setor, o estudo destaca que desde 2010 a produção física da indústria de transformação está estagnada e não se observa sinais de recuperação. Enfatiza também que o custo Brasil e a sobrevalorização da moeda brasileira são algumas das causas da perda de competitividade do setor.

Sobre esses fatores, a Agência Brasil conversou com o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) Jorge Saba. Ele explicou que custos como mão de obra, impostos e falta de estrutura são alguns dos fatores que impactam no valor dos produtos nacionais. “Quando o custo Brasil é alto, o produto produzido na China, por exemplo, fica mais barato que o daqui e todo mundo compra produto chinês”, disse.

Ele destacou, em relação à taxa de câmbio, que a valorização da moeda impacta na competitividade, uma vez que, com a moeda estrangeira em baixa, vale mais a pena importar do que produzir. “Até recentemente o nosso câmbio era muito valorizado. Quando ele valoriza, a gente perde competitividade, e o produto estrangeiro fica mais competitivo no do território brasileiro”. O professor estimou ainda que, como o setor industrial abastece outras áreas, como a de serviço, o impacto do fechamento de vagas pode afetar outros setores.

A indústria de transformação abrange divisões como a fabricação de produtos alimentícios, bebidas, têxteis, produtos derivados de petróleo e farmacêuticos, entre outros.


Fonte: Estudo da Fiesp mostra aumento de demissões na indústria de transformação

Edição: Stênio Ribeiro

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