Metalúrgicos da GM entram em greve contra demissões
Os metalúrgicos da fábrica da General Motors (GM), em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, iniciaram hoje (10) greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em assembleia, no começo da manhã e tem o objetivo de pressionar a montadora para abrir negociações e rever as demissões anunciadas no último sábado (8).
De acordo o sindicato da categoria, compareceram à assembleia mais de 4 mil trabalhadores dos 5,2 mil que atuam na unidade onde são produzidos os modelos S10 e Trailblazer, além de motores, transmissão e kits para exportação. O número exato de demitidos ainda não foi informado pela GM, mas pelo menos 250 metalúrgicos teriam sido informados por telegrama do seu desligamento da empresa.
Para hoje (10) estava previsto o retorno de 798 empregados que estavam afastado pelo sistema layoff (suspensão temporária dos contratos do trabalho) desde o último dia 9 de março. Estes metalúrgicos não estão entre os demitidos porque têm estabilidade garantida por mais três meses.
“Fomos surpreendidos na véspera do Dia dos Pais com essa ação unilateral da GM e queremos que esse processo seja revertido porque a montadora ainda tem muita gordura para queimar”, afirmou o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Renato de Almeida.
Ele informou que vai pedir uma reunião com a diretoria da GM para discutir uma solução para a crise no emprego. Segundo o sindicalista, de janeiro até agora, as montadoras instaladas no Brasil já cortaram mais de 8 mil postos de trabalho. “Não podemos aceitar que os trabalhadores sejam penalizados e paguem o preço da crise política e econômica.”
O líder sindical disse que, além dos piquetes para convencer os metalúrgicos dos demais turnos a cruzar os braços, a categoria poderá fazer também passeatas.
Em nota, a montadora afirma que a greve na unidade da empresa em São José dos Campos “só contribui para agravar a séria crise que afeta hoje a GM e a indústria automotiva”. A GM diz que tem procurado evitar as demissões recorrendo a férias coletivas, layoffs e programas de desligamento voluntário. “No entanto, essas medidas não foram suficientes diante da expressiva redução da demanda no mercado brasileiro, que registra queda em torno de 30% desde janeiro do ano passado.”
Ainda segundo a nota, os desligamentos visam a adequar o quadro da empresa à atual realidade do mercado, com o propósito de resgatar a competitividade e viabilidade do negócio. A montadora diz que lamenta a decisão do sindicato de convocar a greve e que se mantém disponível para dialogar e encontrar alternativas para manter a unidade competitiva em um contexto de grande transformação no mercado brasileiro.
Atualizada às 11h15