Banco Central venderá mais US$ 7,5 bilhões das reservas em dezembro
Com impacto nulo sobre o câmbio, os leilões não estão relacionados às intervenções que o BC tem feito nesta semana para conter a alta do dólar. A venda direta de dólares das reservas representa um novo modelo de intervenção cambial com reflexos na política fiscal, ao reduzir os juros da dívida pública e ajudar a segurar o endividamento do governo em momentos de dólar alto.
O dinheiro será usado para rolar (renovar) contratos de swap cambial tradicional (venda de dólares no mercado futuro) que vencem em fevereiro. Um dos principais instrumentos do país contra choques externos na economia, as reservas internacionais estão atualmente em US$ 370,1 bilhões. No fim de agosto, quando o governo adotou a nova política, as reservas estavam em US$ 388 bilhões.
Compradores comuns não podem adquirir dólares das reservas internacionais. Esse tipo de operação está restrito a dealers – grandes bancos e corretoras autorizados pelo BC para atender à demanda de dólares por grandes empresas e outras instituições financeiras.
Novo modelo
Até o fim de agosto, em momentos de alta da moeda norte-americana, a autoridade monetária leiloava contratos de swap cambial tradicional, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. Feitas em reais, essas operações não afetam as reservas internacionais, mas têm impacto na posição cambial do BC e aumentam os juros da dívida pública.
Agora, o BC atua de maneira diferente. Venderá dólares no mercado à vista e, ao mesmo tempo, comprará o mesmo valor em contratos de swap cambial reverso, que funcionam como compra de divisa no mercado futuro. Caso a demanda por dólares à vista fique abaixo desse valor, a autoridade monetária completará a operação com contratos de swap tradicional.
Ao justificar a medida, o BC explicou que os swaps cambiais tradicionais são demandados por investidores que querem se proteger da volatilidade no câmbio, mas que uma parte do mercado está demandando dólares à vista por causa da situação econômica. A nova política tem consequências fiscais porque, ao vender menos swaps tradicionais e mais dólares das reservas externas, o governo paga menos juros da dívida pública federal.
Hoje, o dólar comercial fechou o dia vendido a R$ 4,216, com queda de 1%. Depois de bater recorde nos últimos dias, em meio a tensões políticas no Brasil e em outros países da América Latina e à guerra comercial entre Estados Unidos e China, a moeda norte-americana interrompeu a alta hoje, num movimento de alívio no mercado financeiro.