Atletas de 16 nacionalidades disputam Copa dos Refugiados em São Paulo

Competição começa amanhã

Publicado em 04/10/2019 - 17:27 Por Elaine Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

Mais de 200 atletas de 16 nacionalidades vão participar da Copa dos Refugiados e Imigrantes, a partir de amanhã (5), em São Paulo. O tema da copa deste ano, que já está em sua sexta edição, é Reserve Um Minuto para Ouvir Uma Pessoa que Deixou o Seu País. O evento foi criado e é organizado pela ONG África do Coração, com apoio da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) e da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Os atletas, pessoas em situação de refúgio ou imigrantes, são de Guiné-Bissau, Tanzânia, Líbano, Mali, Venezuela, Camarões, Coreia do Sul, República Democrática do Congo, Togo, Colômbia, Haiti, Gâmbia, Angola, Nigéria, Níger e Benin.

Neste ano, a Copa dos Refugiados aconteceu também em Brasília (DF), Curitiba (PR), Recife (PE), Porto Alegre (RS) e Rio de Janeiro (RJ). Ao todo, a edição de 2019 da competição envolverá aproximadamente 1.120 atletas de 39 nacionalidades. Depois da etapa da copa em São Paulo, a equipe campeã em cada estado irá se enfrentar em um torneio no Rio de Janeiro.

Segundo Abdo JA Rour, da ONG África do Coração, a intenção é que este evento adquira também, no futuro, um caráter internacional, reunindo refugiados e imigrantes de todo o mundo.

“A copa é pela integração dos refugiados na sociedade brasileira, principalmente em São Paulo, que é um estado que acolhe e que tem muita diversidade cultural”, disse Braima Mane, coordenador da Copa dos Refugiados, em São Paulo, em entrevista à Agência Brasil. “Criamos a Copa para a integração, a harmonia e para ajudar a passar a imagem dos refugiados de outra forma, sabendo que o futebol é o maior meio de inclusão social”, acrescentou.

De acordo com ele, a Copa dos Refugiados tenta também dar oportunidade para “aquelas pessoas que tiveram o sonho de ser jogador nos seus países de origem cortado por causa da guerra, perseguição racial ou outros motivos”.

Esse é o caso, por exemplo, do atleta Abdoulaye Traore, 19 anos, do Mali. “Estou atrás de um sonho que tenho desde criança, que é ser jogador de futebol. Vim aqui [para o Brasil] para tentar, para ver se dá certo. Essa Copa pode ser uma oportunidade e vou tentar aproveitar isso. A gente espera ser campeão e que tudo dê certo”.

Já Yacouba Condé, 20 anos, de Guiné-Conacri, vai participar do evento deste ano defendendo a Gâmbia. Ele joga a competição pela segunda vez. Condé chegou ao Brasil há dois anos e meio depois que seu pai foi perseguido politicamente em seu país de origem.

“É um evento que junta refugiados africanos e que, por um tempo, me faz me sentir em casa, jogando com meus amigos e meus irmãos. Se não fosse por esse evento, seria muito difícil esse encontro. A sociedade brasileira não deu muita oportunidade para a gente mostrar nosso talento no campeonato brasileiro, então esta é uma oportunidade para a gente”, disse.

Neste sábado (5), serão realizados oito jogos, a partir das 9h, na Rua Pedro de Toledo 1.651, na Vila Clementino, em esquema mata-mata: quem perde, sai da competição. A quarta-de-final da competição será realizada no domingo (6). Já a semifinal acontece no dia 13. A grande final acontece no Estádio do Pacaembu, no domingo (20), às 14h. A entrada é gratuita.

Além dos jogos marcados para amanhã, o público poderá também, no domingo (6), visitar uma feira cultural, com música, dança, roda de conversa, exposição de produtos e comidas típicas.

Na abertura do evento, que aconteceu na tarde de hoje no Museu do Futebol, o secretário municipal de Esportes e Lazer de São Paulo, Carlos Bezerra Jr, disse esperar que a copa traga visibilidade para os refugiados e migrantes. “Espero que ela dê visibilidade àqueles que se sintam invisíveis. Que ela una os que se sentem sozinhos. Que ela traga alegria quando bater a saudade e a melancolia da falta da casa. Que ela nos mostre e confirme que o esporte é mais do que competição e do que a prática esportiva. O esporte unifica, inclui e transforma socialmente”, disse.

 

Edição: Fernando Fraga

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