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Esportes

Arthur Nory celebra volta por cima e dedica à mãe o bronze no Mundial

Ginasta retoma lugar entre os melhores após ausência em finais de 2021
Lincoln Chaves - Repórter da EBC
Publicado em 15/11/2022 - 13:55
São Paulo
Arthur Nory beija medalha de bronze conquistada no Mundial de Ginástica 2022 em Liverpool
© Ricardo Bufolin/CBG/Direitos reservados

Arthur Nory era só sorrisos durante a homenagem que recebeu no Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo, pela medalha de bronze no Campeonato Mundial de ginástica artística, em Liverpool (Inglaterra), na barra fixa. A satisfação sincera de quem já teve o gostinho do ouro no evento há apenas três anos, mas teve de se reinventar após passar em branco nas duas principais competições do ano passado: o Mundial de Kitakyushu e a Olimpíada de Tóquio (ambos no Japão).

Após conquistar bronze no Mundial de Ginástica 2022, Nory é homenageado pelo clube Pinheiros
Após conquistar a medalha de bronze no Mundial de Ginástica, Arthur Nory foi recebido com homenagens no Clube Pinheiros, onde treina em São Paulo - Matheus Tahan/ECP/Direitos Reservados

"Não importa a cor da medalha, porque a gente sabe o processo que é até chegar nela. É consequência de todo um trabalho. Vim de um 2021 em que não consegui ir às finais. Tive de entender o que fazer para voltar a elas. [O bronze] Veio para coroar realmente esse processo, o quão difícil é se manter entre os melhores. Entender que sair de um ouro não te faz ser ouro de novo. Agora é se adaptar para chegar lá de novo", disse Nory, em entrevista à Agência Brasil.

Outra razão para a medalha em Liverpool ser especial para o brasileiro foi tê-la dedicado à mãe. Em setembro de 2021, depois da Olimpíada e antes da seletiva para o Mundial de Kitakyushu, Nadna Oyakawa sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, que afetou o lado direito do corpo.

"Foi incrível, emocionante, ver que ela ainda estava trabalhando o lado acometido e se esforçando, como uma atleta, querendo melhorar. Foi um momento muito bom para a gente, mostrar que estou de volta e que ela, agora, só vai pegar nas medalhas com a mão direita", celebrou Nory.

O ginasta de Campinas (SP) foi campeão mundial da barra fixa em 2019, na edição de Sttutgart (Alemanha). Retomar o posto entre os três melhores do mundo no aparelho deve colocá-lo, novamente, como referência não somente para os adversários, mas também para o grau de exigência dos juízes.

"Eles [árbitros] começam a te conhecer melhor, sabem o que você faz, o que não faz, onde perde mais pontos. Você tem de inovar, buscar elementos diferentes, ver pontos fortes e fracos, o que tem de melhorar. O que a arbitragem tem pedido hoje? Muita execução, que é um ponto forte meu. Na final [do Mundial], vi todo mundo fazer elementos com alguns décimos de desconto que eu não tinha. Então, era vantagem para mim. Os três medalhistas serão referência para entender o que está sendo feito e estudarmos o que fazer", projetou o paulista, que também foi prata no solo na Olimpíada Rio 2016.

Arthur Nory mostra medalha de bronze mundial às crianças do clube Pinheiros
Alunos de ginástica artística do Clube Pinheiros ficam encantados ao ver a medalha de bronze de Arthur Nory, conquistada no Mundial de Liverpool (Inglaterra) - Matheus Tahan/ECP/Direitos Reservados

O terceiro lugar de Nory em Liverpool ajudou o Brasil a realizar a melhor campanha do país em um Mundial de ginástica artística, com três medalhas ao todo. A protagonista da equipe foi a campeã olímpica Rebeca Andrade, ouro no individual geral e bronze no solo.

"A gente só se deu conta depois, que tínhamos feito história. Sabemos o potencial [do Brasil], que dá para mais. Isso é muito importante, faz a gente acreditar", destacou o ginasta, que rasgou elogios à parceira de seleção brasileira.

"Minha ídola foi a Daiane dos Santos, foi graças a ela que entrei no esporte, mas hoje admiro demais a Rebeca, por toda a história e o quão incrível ela é, como atleta e pessoa. Eu a vi crescer, continuamos amigos. Nada mudou, só mesmo a vontade de querer mais medalhas para o país", concluiu Nory.

Em 2023, a ginástica artística brasileira terá pela frente o Mundial de Antuérpia (Bélgica), entre os dias 1º e 8 de outubro. O foco está na disputa por equipes. As nove primeiras colocadas do masculino e as nove do feminino vão à Olimpíada de Paris (França), em 2024. Também no ano que vem, o país brigará por medalhas nos Jogos Pan-Americanos de Santiago (Chile).