logo Agência Brasil
Esportes

"Não tenho que perdir perdão", diz Suárez sobre jogo com Gana em 2010

Atacante evitou gol dos rivais com a mão no Mundial da África do Sul
Martin Petty*
Publicado em 01/12/2022 - 13:02
Al Rayyan (Catar)
Atacante da seleção do Uruguai Luis Suárez durante entrevista coletiva em Doha
© Reuters/Benoit Tessier/Direitos Reservados
Reuters

O atacante da seleção do Uruguai Luis Suárez se recusou a pedir desculpas aos ganeses nesta quinta-feira (1º) por seu papel na eliminação de Gana na Copa do Mundo de 2010, argumentando que não foi a bola que tirou em cima da linha com a mão - que daria o gol da vitória à seleção africana - que impediu a equipe de chegar à semifinal, mas sim o pênalti desperdiçado na sequência.

Uma vitória de Gana contra o Uruguai na partida final do Grupo H da Copa do Mundo deste ano no Catar, na sexta-feira (2), pode vingar a dolorosa derrota para os sul-americanos em 2010, quando, após desperdiçar a penalidade cometida por Suárez - que foi expulso no lance--, Gana perdeu na decisão por pênaltis.

Um repórter perguntou a Suárez se ele pediria desculpas a uma nação que o considerava "El Diablo".

"Não peço desculpas por isso ... o jogador perdeu um pênalti", disse ele, respondendo em inglês. "Talvez eu possa dizer que pediria desculpas se eu machucasse o jogador e levasse um cartão vermelho", disse. "Mas nesta situação eu levo um cartão vermelho e o árbitro dá a penalidade. Isto não é culpa minha, porque eu não errei". "Não é minha responsabilidade cobrar o pênalti", acrescentou ele.

A amargura continua enraizada entre os torcedores de Gana por causa do incidente em Johanesburgo há 12 anos, que negou a Gana a façanha de ser a primeira seleção africana a chegar às semifinais de uma Copa do Mundo.

Uma vitória em Al Wakrah fará com que Gana se classifique para as oitavas de final no Catar, mas eles ainda podem avançar com um empate se Portugal, que já se classificou, vencer a Coreia do Sul.

A equipe de Gana parecia menos interessada em rotular Suárez como vilão, no entanto, disse que o jogo de sexta-feira (2) com o Uruguai não é sobre vingança.

"O que aconteceu há alguns anos será sempre história que está em nossa mente. Mas este é um jogo totalmente diferente", disse Thomas Partey, meio-campista ganês que atua no inglês Arsenal. 

Exasperado por uma sucessão de perguntas sobre Suárez, o técnico de Gana, Otto Addo, disse que o público via o jogo como uma chance de acertar contas, mas para sua equipe se tratava apenas da classificação.

Referindo-se à bola tirada com a mão por Suárez, ele disse que a derrota de 2010 foi um dia muito triste para Gana, mas as equipes precisam de jogadores que façam sacrifícios.

"É tudo uma questão de perspectiva. Se o mesmo incidente tivesse acontecido ao contrário e Gana tivesse ido para as semifinais, todos diriam ok, é normal que um jogador faça tudo o que puder", disse ele.  "Isto é o que desejo de todo jogador, fazer tudo o que puder para ajudar sua equipe a se classificar e às vezes se sacrificar recebendo um cartão vermelho."

* É proibida a reprodução deste conteúdo.