Mesatenista quer ser a 1ª do país a disputar Olimpíada e Paralimpíada

Campeã brasileira, Bruna Alexandre é numero 3 do mundo (classe 10) 

Publicado em 10/04/2023 - 17:27 Por Lincoln Chaves - Repórter da EBC - Rio de Janeiro

A mesatenista Bruna Alexandre tem a meta de ser a primeira atleta do país disputar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. A paulista, de 28 anos, que teve o braço direito amputado aos três meses de vida, devido à uma vacina mal aplicada, está perto da quarta Paralimpíada da carreira, entre 28 de agosto e 8 de setembro de 2024, em Paris. Ela, porém, quer chegar mais cedo à capital francesa e também disputar a Olimpíada, de 26 de julho a 11 de agosto.

Atuar com atletas sem deficiência não é novidade para Bruna, que começou a praticar tênis de mesa aos sete anos e somente aos 12 conheceu o esporte paralímpico. Mesmo assim, não deixou de enfrentar jogadoras do tênis de mesa "convencional". A paulista disputa o circuito nacional feminino "olímpico" e foi, inclusive, a campeã brasileira do ano passado. Em 2019, a mesatenista obteve vaga, por meio de seletiva, à seleção que disputou os Jogos Pan-Americanos de Lima (Peru).

Bruna Alexandre - tênis de mesa -
"Em maio, jogo um último campeonato para cumprir as exigências [da ITTF] para a Paralimpíada de Paris. Depois, começo em junho [a jogar] os campeonatos olímpicos internacionais", disse Bruna Alexandre, atual número 3 do mundo na classe 10 - André Soares/CBTM/Direitos Reservados

"Em 20 anos de carreira, o que me ajudou muito a estar entre as melhores do mundo no paralímpico foi o olímpico. Nele, jogo com pessoas com os dois braços, que não têm nenhuma dificuldade de equilíbrio, então, quando vou ao paralímpico, não sinto essa dificuldade. O paralímpico tem um jogo diferente, mais fechado, enquanto o do olímpico é mais aberto. Estou aprendendo todos os dias [sobre] essas diferenças", explicou Bruna.

No tênis de mesa paralímpico, os atletas com deficiências de locomoção são divididos em dez classes. Quanto maior o número da categoria, menor o grau do comprometimento físico-motor. Terceira do mundo na classe 10, Bruna está quase classificada à Paralimpíada de Paris pelo ranking mundial da Federação Internacional da modalidade (ITTF, sigla em inglês), mas pode assegurar a vaga já em novembro, sem depender da lista, se for campeã da categoria nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago (Chile).

"Em maio, jogo um último campeonato para cumprir as exigências [da ITTF] para a Paralimpíada de Paris. Depois, começo em junho [a jogar] os campeonatos olímpicos internacionais. A partir daí, consigo entrar no ranking mundial olímpico e tentar vaga nos Jogos Pan-Americanos [que também serão em Santiago] e na Olimpíada", disse a paulista, que tem quatro medalhas paralímpicas (uma prata e três bronzes) e um título mundial nas duplas mistas, no ano passado, em Granada (Espanha), ao lado de Paulo Salmin.

O caminho olímpico é mais complicado. A seleção feminina, primeiro, precisa se classificar à Paris, o que significaria garantir três vagas ao Brasil. Se isso acontecer e os critérios de convocação forem os mesmos da Olimpíada de Tóquio (Japão), em 2021, dois lugares serão às jogadoras do país mais bem posicionadas no ranking - atualmente, Bruna Takahashi (40ª) e Luca Kumahara (113º) - e um definido por escolha técnica.

A inspiração para acreditar no sonho olímpico vem de uma das grandes rivais de Bruna no paralímpico: Natalia Partyka. Dona de nove medalhas em Paralimpíadas, sendo seis de ouro (quatro no individual), a polonesa, de 33 anos, também competiu em quatro Olimpíadas. Em março deste ano, a brasileira conquistou uma inédita vitória sobre Partyka, na final do Aberto de Lignano (Itália).

"Foi um passo muito grande. Tinha jogado cinco, seis vezes com ela, nunca havia ganhado. Estou muito feliz e motivada. [Na Paralimpíada] Tenho um bronze e uma prata no individual, então, em Paris, quero conseguir o ouro. Nos Jogos Olímpicos, sei que é muito difícil conseguir uma medalha, mas ficaria muito feliz de estar lá, disputando de igual para igual e mostrando que a deficiência não é nada", concluiu.

Edição: Cláudia Soares Rodrigues

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