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Testemunhas relatam o acidente na Linha Amarela

Isabela Vieira
Publicado em 28/01/2014 - 13:56
Rio de Janeiro
Trabalhos de resgate em passarela na Linha Amarela que caiu devido a acidente com um caminhão Tânia Rêgo/Agência Brasil

Rio de Janeiro – Trabalhos de resgate em passarela na Linha Amarela que caiu devido a acidente com um caminhão Tânia Rego/Agência Brasil

Moradores de comunidades à beira da Linha Amarela, na zona norte, testemunharam, hoje (28), o acidente que provocou o desabamento de uma passarela e esmagou carros. Pelo menos quatro pessoas morreram e seis ficaram feridas.

Residente na Comunidade Cardim, Luís Felipe Silva de Lima, acordou com o estrondo. Ele correu para verificar o ocorrido e se deparou com uma vítima que caiu da passarela e foi parar no valão. Ele conta que os moradores rapidamente providenciaram uma corda para tirar a pessoa dos escombros.

"Quando cheguei para ver perto do rio, tinha um cara lá, com a cabeça dentro da água, tentando tirar, mas passou pelo menos uns cinco minutos submerso. Descemos com uma corda, rasgamos a mão toda, e botamos ele em cima de uma pilastra dos escombros, mas como o resgate não chegava ele não resistiu. A gente não sabia mais o que fazer", contou.

A preocupação dele é com o tráfego intenso entre as comunidades dos dois lados da pista, da Favela do Rato - ou Águia de Ouro - e Cardim. "Se fosse durante o período de escola, teria muito mais vítima entre os mortos", reforçou Luís Felipe.

O gari Ricardo Guilherme dos Santos também foi um dos primeiros a chegar ao local. "Estava no posto e, primeiro, ouvi o estrondo. Achei que uma casa tinha desabado, quando vi que não era isso, a gente correu para a beira da pista, arrebentou os painéis - que separam a pista da comunidade - e vimos a gravidade do acidente. Tentamos acalmar os sobreviventes dentro do carro", disse. Segundo ele, no banco de carona de um dos carros, uma passageira estava parcialmente consciente.

Na tentativa de apressar o socorro, Patricia Rodrigues, dona de uma venda próxima da pista, ligou imediatamente para os bombeiros para alertar sobre o desabamento e informar sobre as vítimas. Para ela, o socorro demorou. "Ninguém da Lansa (concessionária que administra a via) estava no local", disse. Nós fomos os primeiros a chegar e ligar para o socorro", completou. Segundo as testemunhas ouvidas pela Agência Brasil, o acidente ocorreu por volta das 9h.

"Tem um [batalhão do] Corpo de Bombeiros no Méier, muito perto, mas acho que pelos reflexos do trânsito, eles não conseguiram chegar. O pessoal ficou com as vítimas, tentando tirar as pessoas do valão e verificar se os demais, dentro dos carros, estavam vivos. Era uma situação de guerra, com fumaça e escombros", relatou Patrícia.
 

Os moradores reclamam das condições estruturais da passarela, que consideram muito frágil, e lembram que, recentemente, durante a construção de um supermercado, uma viga esbarrou na estrutura e deslocou a passarela. "Tinha que ser mais forte, ter uma sustentação para não desabar inteira. Se cair, cair pelo menos uma parte - de um lado da via - e não toda. Era previsível”, disse Patrícia.

Para quem mora na região, a Lansa também teve participação no acidente, porque demorou a enviar o socorro e não alertou o motorista do caminhão que, segundo eles, trafegava em alta velocidade com a caçamba suspensa. "Eles estava em alta velocidade, com a caçamba elevada por vários quilômetros", ressaltou Maurício Francisco, representante da associação de moradores. A associação alega ter um vídeo, feito por um motociclista, do caminhão com a caçamba suspensa desde o pedágio, até uma passarela, um trecho equivalente a dois quilômetros.

O prefeito Eduardo Paes destacou que a prioridade é o resgate e o atendimento das vítimas. “Especula-se que a caçamba tenha se levantado sem o motorista saber”,disse. Perguntado sobre a procedência do caminhão, se prestava ou não a serviço da prefeitura, Paes não soube informar, mas a assessoria de imprensa divulgou que o caminhão não estava a serviço do órgão.

Equipes de resgate ainda trabalham no local e removem, neste momento, os restos do caminhão, por meio de um guincho.