Operação comercial de Angra 3 deve começar em dezembro de 2018
O início da operação comercial da Usina Nuclear Angra 3 deve passar de maio para dezembro de 2018, devido "à desmobilização do canteiro de obras civis por parte da construtora Andrade Gutierrez", disse hoje (12) o diretor de Planejamento da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, ao participar do seminário Perspectivas da Energia Nuclear do Brasil.
Segundo Leonam, isso vai ser "sacramentado" quando o contrato for assinado, mas a operação comercial deve começar em dezembro de 2018, quando o empreedimento estará pronto para ser comandado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS). "Seis meses antes, ela já começa a gerar energia", diss ele, referindo-se ao termo aditivo que será assinado até outubro para garantir o término das obras civis. "A Andrade já se comprometeu a remobilizar o canteiro."
Procurada pela Agência Brasil, a Andrade Gutierrez respondeu que não vai comentar o assunto.
Leonam Guimarães adiantou que, no início do ano que vem, começa a montagem eletromecânica da usina, contratada de dois consórcios que envolvem sete empresas. O contrato tem valor de cerca de R$ 2,8 milhões. Segundo ele, os principais contratos – de construção civil, de montagem eletromecânica e de fornecimento de bens e serviços estrangeiros – já foram assinados.
Situada no município de Angra dos Reis, no litoral sul do Rio de Janeiro, a usina terá potência de 1.405 megawatts (MW). A capacidade instalada produzirá até 10 milhões de MW por ano, o bastante para abastecer as cidades de Belo Horizonte e Brasília por um ano. Somadas, as três usinas da central nuclear fluminense produzirão 29,7 milhões de MW/ano, equivalentes a 50% do consumo do estado do Rio de Janeiro. Atualmente, as usinas Angra 1 e 2 respondem por um terço do consumo estadual de energia.
No mesmo sentido, o secretário de Energia do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura, afirmou que a energia nuclear terá cada vez mais importância no país, principalmente depois que o potencial de construção de usinas hidrelétricas de grande porte se esgotar, o que deve ocorrer entre 2025 e 2030.
Quando isso ocorrer, as usinas nucleares poderão ganhar mais importância no planejamento por gerarem menos emissões que as de combustíveis fósseis, e por serem capazes de produzir de forma mais constante que as de energia solar e eólica. Por enquanto, no entanto, Angra 3 é a única usina nuclear confirmada para entrar em operação.
O setor elétrico brasileiro está revendo o planejamento de longo prazo de 2030 para ampliar o horizonte para 2050 – números de uso interno do governo apresentados por Altino preveem que, por volta de 2050, o consumo de energia elétrica per capita do brasileiro chegue a 7,2 mil kW/habitante. O valor é inferior ao patamar de 10 mil kW/habitante a que países como Estados Unidos e Coreia do Sul já chegaram, mas equivale ao triplo da média mundial atual, 2,4 kW/habitante, que o Brasil ainda não atingiu.
A capacidade instalada do país, em meados do século 21, deve alcançar 420 MW, mais que o dobro dos 184 MW já garantidos no planejamento para 2020.