CNV localiza dados que podem levar a restos mortais de desaparecidos da ditadura

Com base nessas informações, a CNV pode chegar aos locais onde eles

Publicado em 09/12/2014 - 22:12 Por Michèlle Canes - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Os restos mortais de Paulo Torres Gonçalves e Joel Vasconcelos Santos, desaparecidos durante a ditadura militar (1964-1985), podem estar perto de serem localizados. De acordo com André Saboia, secretário executivo da Comissão Nacional da Verdade (CNV), há cerca de um mês foram encontradas fichas datiloscópicas de pessoas enterradas como indigentes no Rio de Janeiro. Com base nessas informações, a CNV pode chegar aos locais onde eles foram enterrados como indigentes.

Comissão Nacional da Verdade divulga novas informações sobre o paradeiro de desaparecidos políticos. E/D: Mauro Yared, Pedro Dallari, João Paulo Cavalcanti Filho e André Saboia (José Cruz/Agência Brasil)

Comissão Nacional da Verdade divulga informações sobre o paradeiro de desaparecidos políticosJosé Cruz/Agência Brasil

“Nós descobrimos esse fichário, no Rio de Janeiro, que nunca tinha sido acessado. São várias fichas datiloscópicas. A comissão – com seus pesquisadores no Rio de Janeiro, com o apoio do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, com uma boa relação com o governo do estado – abriu esses arquivos policiais. Nunca tinha havido acesso tão pleno a essa documentação”, disse durante entrevista à imprensa.

Com o cruzamento de dados, como os das datas de morte, do desaparecimento e do laudo com a comparação das digitais, foi possível identificar os cemitérios para onde os corpos foram levados. Com isso, será possível investigar os livros dos cemitérios de Ricardo de Albuquerque e da Cacuia, para identificar o local exato onde os restos mortais foram enterrados.

Paulo Torres Gonçalves era estudante e desapareceu em março de 1969, depois de sair de casa para ir ao colégio. Joel Vasconcelos Santos também era estudante e fazia parte do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Ele foi preso em 1971, próximo ao Morro do Borel, na Tijuca, e nunca mais foi visto.

Amanhã (10), a Comissão Nacional da Verdade entregará à presidenta Dilma Rousseff o relatório com o resultado de mais de dois anos de trabalho.

Edição: Aécio Amado

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