Produtores de orgânicos começam a investir em vendas pela internet
Produtores começam a intensificar o uso da tecnologia no mercado de alimentos orgânicos no Brasil, tanto no lado da produção quanto no consumo. É o que mostra o 1º Fórum Orgânicos em Ação – Empreendedorismo e Mercado, promovido hoje (27) pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
A coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos) da SNA, Sylvia Wachsner, reconheceu que a tecnologia está entrando ainda de forma tímida nesse mercado, mas a tendência é que haja expansão, seguindo o que ocorre em todo o mundo. Ela disse que, há poucos anos, começaram a surgir lojas de compra online. Entre os produtores nacionais, Sylvia citou o Sítio do Moinho, de Petrópolis, município da região serrana fluminense.
Durante o evento, foi apresentado o projeto Clube Orgânico, que permite que consumidores associados comprem cestas de alimentos via internet, o que garante a produção dos agricultores. “É um clube de compradores de produtos orgânicos, que fazem suas compras diretamente dos produtores. Eles adiantam aos produtores dinheiro para que estes produzam cestas de alimentos semanais ou mensais.” Sylvia disse que, por meio desse clube, o produtor tem, além da garantia do mercado, uma garantia de receita que entra para ele poder produzir. “Isso funciona por meio da internet, da tecnologia”, ressaltou.
Angela Thompson, diretora do Sítio do Moinho, prepara para o próximo mês a entrada em funcionamento da nova plataforma de comércio eletrônico (e-commerce) da empresa, que começou no mercado de orgânicos em 1989. Angela destacou que os produtores têm que se adaptar às novas tecnologias. “Tem que ter um e-commerce eficiente”. A plataforma que elaboração estará disponível tanto para tablet quanto para smartphone.
Os produtores começam também a utilizar a tecnologia comum ao agronegócio na produção de alimentos orgânicos, além de pesquisas. “Na própria produção de orgânicos, a tecnologia deve melhorar a produtividade e a qualidade, para ter produtos mais sofisticados, com menos açúcar ou sal, por exemplo, e para atender a novos mercados”, disse Sylvia Wachsner.
A coordenadora do CI Orgânicos avaliou que, com o tempo, a tecnologia será adotada pelo setor também na produção. “Isso não está tão avançado ainda, mas a parte de comércio eletrônico já está entrando [no mercado]”, disse. “A tecnologia vai significar, possivelmente, maquinário adaptado à produção, mesmo para os pequenos produtores”, acrescentou.
Embora priorize o contato pessoal com o cliente, Angela Thompson disse que sentiu necessidade de adaptar o seu empreendimento às novas tecnologias no processo de produção. A tecnologia é encontrada em toda a cadeia produtiva. “Tem fibra óptica, banda larga, irrigação por gotejamento, câmaras frigoríficas para armazenamento visando a levar a qualidade do produto ao consumidor”. Segundo Angela, a conservação do produto é importante para manter a clientela.
Foram lançados ainda manuais para produção de tomates orgânicos, resultado de parceria do CI Orgânicos com a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).