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Distribuidora de energia no Rio tem prejuízo anual de R$ 850 milhões com "gatos"

Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 10/07/2015 - 19:12
 - Atualizado em 10/07/2015 - 19:15
Rio de Janeiro


As ligações clandestinas de energia, conhecidas como “gatos”, feitas nas comunidades carentes do Rio de Janeiro, provocam prejuízo anual de R$ 850 milhões à distribuidora Light, informou hoje (10) a empresa.

Na avaliação do presidente do Conselho de Consumidores da Light e do Sindicato do Comércio Varejista de Material Elétrico, Eletrônicos e Eletrodomésticos do Rio de Janeiro (Simerj), Antônio Florêncio, a população do Rio vive o resultado da desordem da ocupação urbana.

O furto de energia causa perda de arrecadação nos três níveis (federal, estadual e municipal), ao mesmo tempo em que faz a população ligada de forma regular ao sistema de distribuição pagar por quem rouba energia. “Pagaríamos 17% a menos na nossa  conta de luz se todos pagassem”, afirmou Florêncio. Em algumas comunidades, de forma experimental, foram desenvolvidos projetos de regularização e eficiência energética, além de adequação paulatina à tarifa, com resultados positivos.

Um exemplo é a favela Santa Marta, no Morro Dona Marta, em Botafogo, zona sul do Rio, onde todas as ligações foram regularizadas, com substituição dos equipamentos das residências por outros mais eficientes em termos de consumo de energia, para tornar a conta mais acessível a quem paga.

Além disso, criou-se uma trajetória de cobrança dessa conta de modo que ela caísse aos poucos. “Por exemplo, a conta dava R$ 100, a distribuidora cobrava R$ 50 e os outros R$ 50, ela absorvia”, disse Florêncio. Mesmo assim, ressaltou Florêncio, houve vantagem para a distribuidora que, no passado, não recebia nada. A forma de consumo passou a ser  mais racional, e “a adimplência naquela comunidade chega hoje a 98%”.

Para Florêncio, a causa das ligações informais está atrelada ao custo da energia. “O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços [ICMS] do estado do Rio de Janeiro é o maior do Brasil”. O peso  dos encargos, tributos e taxas alcança mais de 60% da conta de energia.

Também a distribuidora de energia Ampla, que abastece 66 municípios fluminenses, ou 73% do território estadual, sofre com as ligações clandestinas. Nos 12 meses compreendidos entre abril de 2014 a março de 2015, as perdas de energia da concessionária atingiram 20,19% do total da energia distribuída pela empresa, contra 19,96% registrados de abril de 2013 a março de 2014. O valor econômico dos prejuízos não é divulgado pela empresa.

A assessoria de imprensa da Ampla informou que o aumento das perdas de energia no período deve-se, em grande parte, ao furto de energia com o crescimento das áreas de risco nas cidades onde a empresa atua. No primeiro semestre de 2015, foram feitos 325 registros de ocorrência e 65 prisões por furto de energia na área de concessão da empresa. Em 2014, 139 pessoas foram presas por furto de energia nas cidades atendidas pela Ampla.

Para combater o furto de energia, a Ampla implantou em 2005 a medição eletrônica de energia nos municípios de São Gonçalo, Niterói, Itaboraí, Duque de Caxias e Magé. Hoje, 708 mil clientes têm esse sistema instalado e mais 100 mil deverão operar com ele até 2018.