Manifestantes em Brasília defendem a democracia com Hino Nacional e bandeira
Manifestação em Brasília reúne sindicalistas, integrantes de movimentos sociais, estudantes e trabalhadores em defesa da democracia. Além de mostrar apoio à continuidade do mandato da presidenta Dilma, eleita democraticamente, os manifestantes lutam por reformas estruturais e populares.
A manifestação foi convocada por entidades civis, entre elas a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e União Nacional dos Estudante (UNE). Recebeu apoio de partidos políticos, entre eles o próprio PT.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi um dos principais alvos do movimento. Cartazes e gritos pediam "Fora, Cunha".
"A manifestação é por democracia, liberdade e em defesa dos direitos dos trabalhadores", afirmou o diretor da CUT, Ismael Cezar. "A agenda que está posta no Brasil é da direita. Basta ver o que está sendo aprovado na Câmara dos Deputados. São leis que avançam na terceirização e rebaixam a idade mínima para o trabalho. O próprio ajuste fiscal do governo é uma agenda negativa. Então, há a necessidade de construir uma agenda positiva que crie emprego e desenvolva o país", acrescentou.
A concentração foi convocada para 17h, no Conic, edifício na região central de Brasília. Às 18h, os manifestantes marcharam em direção à rodoviária, em pleno horário de pico. Com bandeiras, faixas e tambores, chamavam atenção e distribuíam panfletos à população. Alguns dos transeuntes aceitavam os papéis e outros negavam. Segundo a organização, participaram cerca de 1,5 mil pessoas. A estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal é de 400 pessoas.
Os manifestantes caminharam entoando refrões como "Não vai ter golpe", "Abaixo o plano Renan-Levy", referindo-se à Agenda Brasil apresentada pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL). As faixas, além de respeito à democracia, exibiam outras frases: "Taxação de grandes fortunas, já", "Por um Brasil laico, e não arcaico”, Chega de homofobia", "Golpe não".
Após a caminhada, alguns manifestantes continuaram o ato em um carro de som, em uma das faixas que dá acesso à Esplanada dos Ministérios, ao lado da rodoviária.
Historiadora aposentada, Samira Müller informou que também participou do movimento Diretas Já, que pedia o voto direto nas eleições, e do movimento pela anistia aos presos políticos durante o regime militar. "Democracia é tudo. Só de pensar que pode haver um retrocesso, depois de tudo que passei, é angustiante. Não dá para aceitar que tem gente que prega isso". Samira foi casada com o ex-deputado federal Amaury Müller (PDT-RS). "Meu marido teve o mandato cassado durante a ditadura".
O professor Felipe Sartório participou do movimento de forma independente. Ele havia convocado para o mesmo dia um protesto contra Cunha pelas redes sociais. Conseguiu juntar online 5,5 mil manifestantes. Decidiu se unir aos movimentos sociais, porque identificou-se com as pautas.
O líder do PT no Senado, senador Humberto Costa (PT-PE) também participou da manifestação em Brasília.
A concentração foi embalada pela viola de Chico Nogueira, que tocou repetidamente o Hino Nacional. "Me pediram para parar de tocar o hino, porque é coisa de coxinha", disse durante o bis. O público se dividiu entre aplausos e silêncio. Eletricitário, Sidney Lucena defendeu o hino. "O hino também é nosso. A Bandeira do Brasil sempre esteve no peito do trabalhador. Cada partido tem sua bandeira e a do Brasil é de todos", disse. O hino e a bandeira tem sido usados em manifestações contra Dilma Rousseff.
A manifestação foi encerrada às 20h, na rodoviária. De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), não houve incidentes.