Metas enviadas à ONU sobre aquecimento não limitam aumento de temperatura a 2°C
O Climate Action Tracker, organização composta por instituições científicas que monitoram o aquecimento global, divulgou hoje (1º) uma análise de 19 Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas (INDC), que são documentos com as metas de cada país para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
As propostas foram enviadas à ONU pelos países-membros e serão o ponto de partida das negociações da Convenção do Clima de Paris, entre 30 de novembro e 11 de dezembro.
O estudo concluiu que, por enquanto, o esforço desses países ainda não é suficiente para limitar o aumento da temperatura a 2°C até o fim do século em relação ao período pré-industrial.
O limite foi estabelecido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, que reúne cientistas do mundo inteiro. O objetivo da COP 21 é firmar um compromisso global nesse sentido para ser implementado a partir de 2020.
Os países avaliados, entre eles o Brasil, respondem por 71% das emissões globais. De acordo com a Climate Action Tracker, a soma das propostas analisadas levaria a um aumento de temperatura de 2,7°C até o fim do século. O resultado é menor que a última estimativa da organização, que previa um aumento de 3°C.
Entre as INDCs avaliadas pela organização, somente a Etiópia e o Marrocos foram classificadas como “suficientes”, por apresentarem propostas sintonizadas com um objetivo mais ousado que o proposto pela COP, de limitar o aumento de temperatura a 1,5°C. Entretanto, os dois países respondem, juntos, por apenas 0.3% das emissões globais.
Conforme o estudo, as contribuições do Brasil, China, Estados Unidos, Indonésia, México, Noruega, Suíça e União Europeia, são consistentes com os 2°C e foram classificadas como “medianas. Esses países respondem por 56% das emissões de gases do efeito estufa.
As propostas de oito países foram consideradas “inadequadas”. O estudo avalia que as contribuições da África do Sul, Austrália, Canadá, Coréia do Sul, Japão, Nova Zelândia, Rússia e Cingapura não foram relevantes para que se limite o aumento da temperatura global. Esse países representam 14% das emissões totais de gases que causam o efeito estufa.