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Testemunhas de briga entre torcidas que deixou 2 mortos serão ouvidas hoje em SP

Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 29/02/2016 - 12:01
São Paulo

Começam na tarde de hoje (29), em São Paulo, os depoimentos das 22 testemunhas de acusação do caso da briga de torcedores que acabou com duas mortes em março de 2012. Ao todo serão julgados 28 membros das torcidas organizadas Gaviões da Fiel (Corinthians) e Mancha Alviverde (Palmeiras), acusados de participar do confronto ocorrido na Avenida Inajar de Souza, zona norte paulistana.

Os corintianos irão a juri popular pelos crimes de homicídio qualificado e formação de quadrilha. Os palmeirenses respondem por formação de quadrilha. Entre os acusados de assassinato, dois – Rodrigo Gonzales Tapiá "Digão" e Carlos Roberto de Britto Júnior – tiveram a prisão preventiva decretada por terem se envolvido em uma nova briga contra torcedores do Vasco da Gama, no Aeroporto de Natal (RN) em julho de 2015.

Após as testemunhas de acusação serem ouvidas pela juíza Flávia Castellar Olivério, deve ser marcada uma data para o depoimento das de defesa. O Tribunal de Justiça de São Paulo não tem previsão de quanto tempo devem durar as oitivas que começam nesta segunda-feira no Fórum de Santana, zona norte da capital paulista.

Vingança

Durante o enfrentamento, que envolveu cerca de 300 torcedores de ambos os times, André Alves Lezo, de 21 anos, foi baleado na cabeça e Guilherme Vinícius Jovanelli Moreira, de 19 anos, sofreu traumatismo craniano após ser atacado com uma barra de ferro. Ambos mortos eram palmeirenses.

Segundo a denúncia do Ministério Público (MP), o confronto foi combinado por membros das duas torcidas rivais, ocorrendo, inclusive, distante do Estádio do Pacaembu, onde houve uma partida dos respectivos times. Os dois assassinatos foram, segundo os promotores, uma ação de vingança dos corintianos contra os palmeirenses pela morte de Douglas Karim Silva, ocorrida no ano anterior.

Apesar do embate ter sido combinado, de acordo com a versão do MP, houve uma emboscada. “Os integrantes da Gaviões da Fiel se comunicavam ao longo do caminho através de rádios e de telefones para se assegurar de que pudessem surpreender os rivais palmeirenses pela sua retaguarda. E foi assim que, na altura do número 455 da Avenida Inajar de Souza, depois de constatar a passagem do grupo rival, os integrantes da Gaviões desembarcaram dos ônibus e dos demais veículos, armaram-se com as barras de ferro e os pedaços de pau carregados pelos veículos de apoio”, informa o texto da denúncia

Mesmo surpreendidos, os palmeirenses teriam conseguido revidar o ataque com “instrumentos semelhantes”. “Mas não conseguiram evitar que dois de seus integrantes, André Alves Lezo e Guilherme Vinícius Jovanelli Moreira, fossem atingidos por um sem número de golpes dirigidos especialmente contra suas cabeças, mesmo depois de já terem caído ao chão”, acrescentam os promotores.