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Atletas paralímpicos intensificam treinos a seis meses da competição

Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 07/03/2016 - 18:45
Brasília
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O atirador gaúcho Geraldo Von Rosenthal faz entre 200 e 300 disparos por dia, usa um simulador para corrigir sua mira e a trajetória das balas e troca mensagens com o treinador, que fica no Rio de Janeiro, pelo Whastsapp para receber orientações. A partir de hoje (7), o atleta  tem menos de seis meses para repetir essa rotina, antes que os Jogos Paralímpicos comecem, em 7 de setembro. O gaúcho viaja amanhã (8) para a Tailândia para disputar mais uma Copa do Mundo de Tiro Esportivo, mas já está na lista de 17 atletas que já têm sua participação garantida na paralimpíada.

“Os treinamentos estão se intensificando”, conta o atleta, que se transferiu do Rio Grande do Sul para o Rio a fim de treinar na Escola Naval, antes de seguir para a competição no país asiático.

Com 41 anos, Geraldo Von Rosenthal deixou a carreira de analista de tecnologia da informação para se dedicar integralmente ao esporte e não se arrepende. "Eu melhorei como pessoa. Tenho Síndrome de Polland [ausência de parte dos músculos do tórax], que me causa limitações na mão. Passei a conviver com atletas com restrições mais severas. Eu achava que eu era azarado e tal, mas tenho sorte por esse convívio, para me superar e de estar junto em uma equipe que se supera a cada dia. O movimento paralímpico é uma família", diz ele.

Na Tailândia, Geraldo viveu um dos momentos mais importantes de sua carreira. Foi campeão mundial de pistola de 25 metros em 2013. A partir dessa vitória, passou a receber uma bolsa, auxílio com o qual paga os custos da preparação, que chegam a R$ 4,5 mil por mês, com a reposição da munição e acompanhamento profissional. 

O atirador Geraldo Von Rosenthal treina forte para a Paralimpíada Rio 2016

O atirador Geraldo Von Rosenthal treina forte para a Paralimpíada Rio 2016Tomas Faquini/ Divulgação

"Eu gostava desde guri [de atirar]. Brincava com espingarda de chumbinho. Morando no interior do Rio Grande do Sul, não tinha nada para fazer. Mas, desde 1997, vi que tinha o esporte paralímpico e entrei em contato. Treinei uns meses e de lá não saí", lembra.

Geraldo diz como mantém contato com o treinador, que mora no Rio de Janeiro. "Gravo áudios para ele, anoto as observações que ele faz, e volto a treinar. Depois, agradeço pela correção. A gente fica nesse bate-bola".

Classificada para a paralimpíada, a medalhista de ouro do tênis de mesa no Pan de Toronto Danielle Rauen, de 18 anos, conta que a preparação está focada no condicionamento físico para aumentar a resistência para disputar mais jogos com dinamismo. “Estamos preparando mais a parte física também para não ter nenhuma lesão”, acrescenta.

Diagnosticada com artrite reumatoide aos 10 anos de idade, ela usou o esporte como forma de retardar a evolução da doença, que atrofia os músculos e articulações. A atleta se mudou de Santa Catarina para São Paulo com o objetivo de treinar com a seleção brasileira, quando tinha apenas 16 anos.

Danielle superou seus próprios medos e a saudade da família para seguir em frente. "No começo, foi bem difícil. Sentia muita falta da família e ficava bem triste, mas fui me acostumando. Se eu quisesse correr atrás do meu sonho, tinha que abrir mão de algumas coisas na minha vida", lembra ela.

A mesa-tenista Danielle Rauen estuda o jogo das adversárias em sua preparação

A mesa-tenista Danielle Rauen estuda o jogo das adversárias em sua preparaçãoFernando Maia / Divulgação

Para a atleta, a antecedência com que se classificou para os jogos é uma vantagem na briga pelo ouro paralímpico. "Deu mais tranquilidade, porque pude estudar mais as minhas adversárias e ver como eu fui me classificando. Pude ter mais tempo de preparação".

Danielle vai disputar os jogos na classe 9. No tênis de mesa paralímpico, os atletas são divididos em dez classes: de uma a cinco são os cadeirantes; de seis a nove, os andantes. Quanto mais perto de 10 for a classe, menos severa é a deficiência do atleta.

Além de Danielle e Geraldo, estão garantidos para as paralimpíadas: Débora Campos e Alexandre Galgani no tiro esportivo; Natalia Mayara no tênis em cadeira de rodas. Estão classificados também Aloísio Lima, Iranildo Espíndola, David Adrande e Welder Knaf; Claudiomiro Segatto, Paulo Salmin, Israel Stroh e Luiz Filipe Manara; Carlos Carbinatti, Catia Oliveira, Joyce Oliveira e Bruna Alexandre.

Em muitos esportes, o Brasil tem vagas garantidas por sediar os jogos e, em outros, atletas brasileiros conseguiram índices que garantem as vagas para as delegações, que definem quem irá preenchê-las. É o caso da natação paralímpica, que tem 32 vagas (19 no masculino e 13 no feminino), e do atletismo, que garantiu 17 (10 no masculino e 7 no feminino).

Veja outros esportes em que há vagas garantidas para o Brasil:


Tiro com Arco: 8 vagas
Bocha: 10
Canoagem: 2
Ciclismo: 3
Hipismo 4
Judô: 3
Remo: 4
Vela: 5
Triatlo: 2
Esgrima: 2
Todos os esportes coletivos: 2 (masculino e feminino)