Pesquisa: Olimpíada do Rio tem média baixa, de 34,41%, em transparência
A análise dos investimentos e ações para a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 mostra que a “transparência deixa a desejar”, disse hoje (16) à Agência Brasil a coordenadora do Instituto Ethos, Paula Oda. A conclusão foi obtida a partir da aplicação dos indicadores de transparência desenvolvidos pelo projeto Jogos Limpos Dentro e Fora dos Estádios, do Instituto Ethos. Os números foram divulgados na Conferência Ethos 360º, realizada pela primeira vez no Rio de Janeiro.
Os indicadores de transparência foram aplicados na Copa de 2014, nas cidades-sede e nos estados, e em 2015, nas 26 capitais estaduais e no Distrito Federal, para identificação da cidade transparente. A proposta é que esses indicadores constituam um instrumento importante de incentivo e fortalecimento do controle social.
“Nos três entes avaliados, que foram a prefeitura do Rio de Janeiro, o governo do estado e o governo federal, em relação especificamente ao tema, a transparência não foi significativa. A média foi baixa”, disse Paula. A nota média obtida pelas três esferas de governo em termos de transparência no desempenho geral foi 34,41%, cabendo à prefeitura o melhor índice (40,93%), seguida do governo federal, com 38,42%, e do governo fluminense, com 23,86%.
Nos canais de informação pela internet relacionados aos cidadãos, os indicadores mostram maior transparência. “Eles não são dos melhores mas, comparados aos demais, ainda são indicadores fortes”, disse Paula. A prefeitura carioca novamente sai na frente, com índice de 64,29%, enquanto o governo federal apresenta 53,31% e o governo do estado, 38,32%.
Na análise de conteúdos mais específicos, entretanto, a constatação do Instituto Ethos é que “nem todos cumpriram os indicadores”. Isso se aplica a editais e contratos que estão diretamente relacionados à Matriz de Responsabilidades, ao plano de legado ou à realização de obras para os Jogos, relatou Paula Oda. Na parte de administração, no bloco de conteúdo, por exemplo, o governo federal mostra maior transparência (26,32%), enquanto em relação à transparência no orçamento, prefeitura e estado se saem melhor, com índices de 36,67% e 33,33%, respectivamente.
A pesquisa encontrou uma grande dificuldade na informação consolidada, afirma Paula, tanto na parte de orçamento como de planejamento, nas ações previstas: “Se eu quero saber o quanto, de fato, está sendo gasto, relacionado a essas obras, preciso fazer uma busca contrato a contrato e calcular isso de forma separada”. Para ela, isso reflete um pouco a falta de transparência para a Olimpíada e a Paralimpíada.
Paula diz que a Matriz de Responsabilidades é uma expectativa das ações e obras que serão realizadas para os eventos, nas três esferas governamentais, e tem previsão de entrega. A coordenadora do Instituto Ethos observou, porém, que essa é uma análise macro, porque “se você quiser olhar quais são as metas para a execução de cada um desses projetos, essas informações são dispersas. Elas até podem existir nos portais de transparência de cada um dos entes, mas as informações estão dispersas e nem sempre estão fáceis de localizar”.
Paula considerou que, no legado dos Jogos, em relação à transparência a percepção é que ainda existe um caminho a ser percorrido. A forma como a informação é disponibilizada para a sociedade poderia ser melhorada. O aprendizado, declarou, é que todo mega-evento exige um planejamento e um orçamento, cuja transparência pode ser mais trabalhada.
No bloco canais de participação, que engloba audiências e consultas públicas, ouvidoria geral e conselhos de políticas públicas, a nota geral de transparência é baixa para todos os entes governamentais, chegando a 18,49% para a prefeitura do Rio de Janeiro, 11,67% para o governo do estado e 14,35% para o governo federal.