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Justiça: Exército precisa de autorização para exibir animais silvestres

Heloisa Cristaldo - Repórter da Agência Brasil *
Publicado em 06/09/2016 - 20:04
Brasília

A Justiça Federal do Estado do Amazonas decidiu que o Exército Brasileiro precisa de autorização específica dos órgão ambientais para exibir em público ou desenvolver atividades com uso de animais silvestres. A permissão deve ser individualizada para cada evento. Caso descumpra a decisão, a multa será de R$ 50 mil e recairá sobre o patrimônio pessoal dos comandantes de cada unidade militar que abrigar animais silvestres e que desrespeitar a decisão judicial.

Pedida em caráter de urgência, a decisão é uma resposta à ação civil pública ingressada pelo Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM), em caráter de urgência, para impedir que o Exército utilize animais silvestres em eventos públicos. A preocupação do MPF é com os desfiles de 7 de setembro, em que é comum a utilização de animais silvestres.

Antes mesmo da decisão da 7ª Vara Federal, o Exército havia anunciado, no final de agosto, o cancelamento da participação de felinos na tradicional parada militar. Também informou, na ocasião, que o inquérito policial militar sobre a morte da onça Juma ainda está em andamento.

Manaus - Juma, a onça-pintada que participou da cerimônia de revezamento da Tocha Olímpica em Manaus, foi abatida com um tiro de pistola no Centro de Instrução de Guerra na Selva, depois de tentar escapar do local

A onça Juma foi sacrificada logo após ter sido exibida na cerimônia de revezamento da Tocha OlímpicaIvo Lima/Ministério do Esporte

Além disso, a ação pede que o Exército seja condenado a pagar indenização pela morte da onça Juma, sacrificada logo após ter sido exibida na cerimônia de revezamento da Tocha Olímpica, na Rio 2016. De acordo com o Ministério Público Federal, uma audiência de conciliação está marcada para o dia 17 de novembro.

Por meio da ação, o MPF pede que o Exército regularize as atividades que desenvolve com animais silvestres, obtendo todas as licenças, autorizações e permissões necessárias no prazo máximo de um ano, sob pena de multa diária de R$ 1 mil em caso de descumprimento.

Onça Juma

No dia 20 de junho, a onça Juma participou da cerimônia de revezamento da Tocha Olímpica no Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs), em Manaus. Após o evento, a onça se soltou das correntes. Para tentar capturá-la, de acordo com relatório do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), foram disparados quatro dardos com tranquilizantes, mas apenas um atingiu o animal, que avançou nos militares. Para garantir a segurança dos militares presentes no local, foram efetuados dois disparos de pistola que atingiram a cabeça do felino.

Na ocasião, o Comitê Organizador da Rio 2016 admitiu que errou ao permitir a exibição da onça Juma durante o evento da passagem da tocha olímpica em Manaus. Em nota, o comitê disse que o episódio não se repetirá.

Manaus - Juma, a onça-pintada que participou da cerimônia de revezamento da Tocha Olímpica em Manaus, foi abatida com um tiro de pistola no Centro de Instrução de Guerra na Selva, depois de tentar escapar do local

O Comitê Organizador da Rio 2016 admitiu que errou ao permitir a exibição da onça Juma durante o evento da passagem da tocha olímpica em ManausIvo Lima/Ministério do Esporte

A onça-pintada foi abatida com um tiro de pistola no Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs), logo após ser exibida no evento e tentar escapar do local. O Cigs é administrado pelo Comando Militar da Amazônia. De acordo com coronel Luís Gustavo Evelyn, chefe da Comunicação Social do CMA, o zoológico da instituição é um mantenedor de animais silvestres referenciado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O pagamento de indenização pela morte da onça Juma também está entre os pedidos do MPF, que entende que o Exército deve ser condenado a pagar, pelo menos, R$ 100 mil pela perda de um animal silvestre ameaçado de extinção. Na ação, a instituição pede também que o Exército seja condenado a pagar, pelo menos, R$ 1 milhão por danos morais coletivos. Para o MPF, houve falha na segurança do animal.

Em nota, enviada no dia 12 de setembro, o Exército informou que após o caso da onça Juma, "o Comandante Militar da Amazônia já havia determinado de imediato a suspensão de qualquer atividade com a exposição de animais silvestres"

"No que diz respeito a decisão da Justiça Federal sobre o assunto, o Exército Brasileiro tem cumprido integralmente a decisão exarada pela 7ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado do Amazonas, que deferiu parcialmente o pedido de tutela antecipada para que a União se abstenha de realizar o transporte, exibição e qualquer atividade com uso de animais silvestres, sem autorização específica dos órgãos ambientais competentes", diz a nota.

 

Matéria atualizada às 22h56 para acréscimo de informações. Texto atualizado às 20h14 do dia 13/09/2016


*Com informações de Bianca Paiva