Jogos Universitários: bronze no judô começou em projeto social e virou professor
A torcida por Agner Quintanilha era grande na disputa por medalhas do judô hoje (4) nos Jogos Universitários Brasileiros. O lutador peso-pesado nasceu em Mato Grosso, estado que sedia a competição este ano, e levou uma turma de alunos para assistir ao vivo aos golpes que ele ensina no tatame.
“Quero deixar a doutrina do judô, que é a busca por equilíbrio, para essa gurizada. O judô salvou a minha vida, me tirou da rua e me deu uma profissão”, conta o atleta, que ficou com o bronze.
Quintanilha é professor do projeto social do judoca David Moura, da seleção brasileira, e também começou a praticar judô em uma iniciativa que chegou a sua cidade há 14 anos. “Meu ídolo tem me ajudado. Ele me ajudou a vir pra cá e eu estou ajudando essa gurizada a seguir esse caminho".
O campeão dos pesos-pesados no JUBs 2016 foi Isaque Conserva, 29 anos, que chegou como um dos favoritos e confirmou as expectativas. O atleta começou a competir no JUBs em 2006, se formou em 2010, e voltou a estudar em 2014, na pós-graduação.
“Minha meta é entrar na seleção e começar a disputar o ranking internacional para ir para olimpíada, mundial. Já começando esse novo ciclo em 2020", disse o atleta, que chegou a treinar com Rafael Baby, medalhista de bronze na Rio 2016. “Com certeza é um espelho para a gente conseguir chegar lá também.”
Retorno ao tatame
A medalha de bronze no peso-pesado feminino foi um recomeço para Estelina da Silva, 23 anos, que ficou três anos afastada do esporte por conta de lesões e voltou a treinar há apenas seis meses.
“Estou muito feliz mesmo, porque significa que estou conseguindo voltar para o cenário nacional. O campeonato foi forte, tem muitas atletas muito fortes. Estou no caminho certo”, comemorou.
A atleta sofreu uma lesão no ombro enquanto aplicava seu melhor golpe e teve que vencer muita insegurança e até um erro médico para voltar a lutar. Depois de sete meses de recuperação da primeira cirurgia a que foi submetida, teve que repetir o procedimento, adiando ainda mais o retorno à carreira, que foi interrompida em seu melhor momento. “Estava no auge, classificada para lutar o Mundial sub-21, fiz cirurgia e não consegui lutar”, lembrou.
A campeã na categoria peso-pesado foi Samanta Soares, também de 23 anos, que conquistou pela quarta vez a medalha de ouro em JUBs. Campeã de um torneio em Abu Dhabi no último sábado, ela tem planos que vão além da carreira esportiva.
“O objetivo é abrir uma empresa para arrecadar fundos e patrocinar uma equipe de judô. Tem muita gente que é muito boa de judô e não tem condição nem de comprar um quimono. Não é só um ou dois”, contou.
*O repórter viajou a convite da organização dos Jogos Universitários Brasileiros