Sete pessoas serão sorteadas para júri de policiais acusados de morte no Butantã

Sete pessoas serão sorteadas para compor o júri popular de três policiais acusados pela execução de Paulo Henrique Porto de Oliveira, de 18 anos, morto no dia 7 de setembro de 2015, na região do Butantã
Sete pessoas serão sorteadas hoje (13) para compor o júri popular de três policiais acusados pela execução de Paulo Henrique Porto de Oliveira, de 18 anos, morto no dia 7 de setembro de 2015, na região do Butantã, na zona oeste da capital.
Paulo estava com Fernando Henrique da Silva, de 23 anos. Os dois foram mortos depois de roubar uma moto e tentar fugir dos policiais. Imagens feitas pelo celular de uma testemunha mostram um policial jogando Fernando de um telhado. Já uma câmera de segurança mostrou Paulo se entregando, desarmado e sendo colocado contra um muro, fora do alcance da câmera, momento em que foi morto. O vídeo mostra ainda um dos policias pegando uma arma na viatura para forjar um confronto e justificar a morte do suspeito.
Os policiais respondem por homicídio doloso qualificado (com intenção de matar e por meio cruel, sem possibilidade de defesa da vítima), fraude processual, falsidade ideológica e porte ilegal de arma.
O julgamento ainda não teve início, mas a previsão inicial é que dure até amanhã (14). Hoje serão ouvidas as testemunhas de defesa e de acusação. O promotor Rogério Leão Zagallo, responsável pela acusação, deverá ouvir duas testemunhas. A defesa pretende ouvir nove pessoas, mas o advogado Celso Vendramini, que defende dois dos três policiais militares, disse que dispensou quatro testemunhas. A reportagem não conseguiu falar com os demais advogados para saber se eles também deixarão de ouvir alguma testemunha.
Ao chegar ao Fórum Criminal da Barra Funda, Vendramini disse que pretende retirar duas das acusações imputadas a seus clientes e confirmar que “não houve premeditação do crime”. “Vou pedir a responsabilização deles pelo erro que praticaram, que é a falsidade processual, de tentar justificar que o indivíduo estava armado naquele momento. O indivíduo não estava armado. E a falsidade ideológica, porque eles levaram uma notícia falsa para o delegado de polícia. Por isso, vou pedir que sejam condenados. Mas com relação ao homicídio, não”, explicou o advogado.
Vendramini, que defende os policiais Tyson Oliveira Bastiane e Silvano Clayton dos Reis, também pretende retirar a acusação de porte ilegal de arma, alegando que a arma vista na mão do policial para forjar o confronto era da própria vítima. Além deles, está sendo julgado hoje o policial Silvio André Conceição, cujo advogado não falou com a imprensa.
Segundo Vendramini, Paulo morreu “porque tentou pegar a arma do policial Tyson”. De acordo com o advogado, uma das testemunhas de defesa vai confirmar que Paulo e Fernando estavam armados e que atiraram contra os policiais momentos antes, na Rodovia Raposo Tavares. “Aquela arma era do ladrão porque eles estavam em uma moto roubada e tinham tentado praticar um assalto contra outro motociclista. Eles efetuaram disparos na Raposo Tavares, pegaram a Raposo na contramão. e temos uma testemunha para comprovar.”
Já o promotor preferiu não falar com a imprensa.
Para hoje está marcado apenas o julgamento pela execução o homicídio de Paulo. No dia 27 de março serão julgados mais três policiais militares acusados da morte de Fernando.