Debate na Avenida Paulista aborda situação das periferias e democracia na cidade
A falta de infraestrutura nas periferias da cidade de São Paulo e a ocupação dos espaços públicos foram alguns dos temas debatidos em aula pública realizada hoje (9) na Avenida Paulista, região central da capital. Para a iniciativa, foram montados totens que apresentam dados da desigualdade social e racial na cidade e trazem questões sobre democracia e atuação política.
No chão, foram desenhadas faixas, base para um jogo onde o público, que frequenta a via fechada para carros aos domingos, foi convidado a refletir sobre os próprios privilégios.
A estrutura foi instalada em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) que é parceiro do Instituto Polis na iniciativa. Segundo o secretário executivo do instituto, Henrique Frota, o lugar foi escolhido não só pela associação com o museu, mas também pela força simbólica. “Pela possibilidade de dialogar com tantas pessoas em um domingo em que a Paulista está aberta, que é uma área muito valorizada da cidade de São Paulo, que concentra o capital. Concentra empresas de comunicação, portanto é um símbolo do poder econômico e midiático na cidade de São Paulo. Mas ao mesmo tempo, ela pode ser um espaço de diversidade, de democracia e manifestação, como tem sido historicamente”, ressaltou.
A aula pública Cidade de Todas as Cores atividade faz uma parte de uma série de ações que comemoram os 30 anos do instituto, fundado em 1987. Outras atividades devem, segundo Frota, acontecer na periferia, que concentra boa parte dos temas em discussão. “A infraestrutura e a qualidade de vida, transporte de melhor qualidade, esgotamento sanitário, acesso à água, à iluminação pública. Há essa pauta que já é muito antiga para os movimentos que lutam pela reforma urbana, mas que não foi completamente superada”, listou.
“Atrelado a isso, o direito à cidade problematiza muito como os espaços públicos estão para as pessoas. Não só como lugares de passagem, mas como lugares onde você pode estar, ter uma manifestação cultural, um exercício de lazer, uma manifestação política e essas práticas podem conviver”, acrescentou Frota sobre outras questões abordadas durante a intervenção.
Exposições
Ao final da aula, os participantes foram convidados a ver duas exposições em cartaz no Masp. A mostra Avenida Paulista traz trabalhos de 38 autores, incluindo fotografias, pinturas, registros de performances e objetos, retratando cronologicamente a região onde está o museu, que completa 70 anos. Há também 14 novos trabalhos feitos especialmente para a exposição. “Várias linguagens que tentam lançar olhares diversos sobre esse mesmo espaço, que na verdade são vários territórios”, destaca Frota.
Passando por temas conexos, os participantes da aula puderam conhecer ainda 74 pinturas de Agostinho Batista de Freitas feitas entre 1950 e 1990. Em 2017, são lembrados os 20 anos de morte do artista. “Ele retratou muito a cena urbana de São Paulo. Tanto essa região mais central – Avenida Paulista, Centro, bairros no entorno – como a zona norte, onde ele vivia. Então é uma exposição bastante colorida que retrata as práticas cotidianas”, acrescentou o secretário do Instituto Polis.