Jardim Botânico do Rio faz 209 anos e tem área amazônica do parque revitalizada
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro comemorou hoje (13) o aniversário de 209 anos com novidades para o público que vai poder passear em uma área que representa um pedaço da Amazônia na cidade. A limpeza do lago deixa ainda mais evidente a beleza das vitórias-régias. A cabana do pescador semelhante às moradias tradicionais amazônicas, que tinha sido destruída por uma enchente em 1936, recuperou as características originais e abriga no seu interior uma pequena exposição com réplicas de animais da região. A revitalização teve apoio da Agência Nacional de Águas (ANA).
O entorno do lago ganhou um projeto paisagístico e exibe plantas de uma coleção do Jardim Botânico que começou na década de 1920, na administração de Pacheco Leão, e que ganhou novas espécies que podem ser observadas pelos visitantes. Algumas delas foram trazidas para o Rio e estão espalhadas na Região Amazônica do Jardim Botânico: a seringueira, a sumaúma, o pau-mulato, o açaizeiro, a andiroba e, ainda, plantas ameaçadas de extinção como o mogno e a castanheira.
A revitalização incluiu também a instalação de placas com informações sobre o local e as plantas, o que vai facilitar o entendimento do visitante. “O que a gente teve que fazer foi uma grande pesquisa histórica. O principal trabalho foi colocar em evidência estas plantas que foram identificadas com placas e também a parte de interpretação ambiental, ou seja, mostrar o que foi buscado ao criar aquela coleção”, disse a pesquisadora, paisagista e coordenadora do Laboratório da Paisagem do Jardim Botânico, Ana Rosa de Oliveira,
Chocolate
O público vai ver ainda cacaueiros repletos de frutos. Para o pesquisador do Jardim Botânico, Marcus Nadruz, a proximidade com as árvores vai permitir, por exemplo, que as crianças vejam o cacau no pé e saibam que é a partir dele que é produzido o chocolate. O pesquisador disse que vai ser uma experiência intensa para o público. “Não só o cacau, mas também as árvores que tem raízes grandes, que são onde geralmente os índios costumam dormir em caminhadas por dentro da mata, outras espécies que oferecem frutos e usados em medicina. É uma variedade de informações voltadas para estas espécies”, disse.
Para o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, que participou da cerimônia de aniversário do Jardim Botânico, é importante abrir um espaço, como este, que mostre para as pessoas a pujança da Amazônia que, segundo ele, não é só um estoque de gases do efeito estufa e nem uma incomensurável possibilidade de cura por meio de remédios e de cosméticos que a sua diversidade pode oferecer.
“Ela [a Amazônia] é também uma espécie de caixa d'água para o Brasil. Ela mantém a umidade que vem do Atlântico e amplia essa umidade. Os ventos que batem nos Andes espalham essa unidade para o continente sendo muito importante no regime de chuvas do resto do país. Muitas das vezes falo para aqueles pecuaristas que são do Paraná, do Mato Grosso, do Sul e que estão desmatando para criar gado na Amazônia que eles estão prejudicando o próprio negócio de vocês”, disse, acrescentando, que “o Jardim Botânico talvez seja um espaço de educação ambiental adequado para trazer essa reflexão”.
Sarney Filho disse que a retomada dos serviços de monitoramento e controle do desmatamento da Amazônia está se mostrando eficaz com a redução do processo que vinha aumentando nos últimos três anos. Para Sarney Filho, é preciso ter o acompanhamento constante para evitar que novas áreas sejam devastadas.
“Nós acreditamos que já a partir de fevereiro começou a haver uma reversão da curva do desmatamento, mas como esses dados não são precisos, é necessário que haja a triagem de nuvens, a gente não tem certeza se seria precipitado falar, mas a nossa expectativa é que nos últimos três meses a curva já tenha sido revertida”, disse.