Incêndio na Chapada dos Veadeiros está sendo controlado, informa ministro
Os focos de incêndio no interior do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, estão prestes a ser controlados, anunciou hoje (25) o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, Marcelo Cruz, que assumiu a pasta interinamente com a exoneração do ministro Sarney Filho, que reassumiu o mandato de deputado federal (PV-MA) para participar da votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.
“As linhas de incêndio já estão sendo controladas. As condições climáticas estão nos permitindo atuar também à noite, ou seja, 24 horas por dia”, afirmou Cruz.
De acordo com Cruz, uma das três linhas de incêndio enfrentadas na região do parque nacional já tinha sido completamente debelada nesta manhã. Uma segunda frente de trabalho estava prestes a apagar totalmente as chamas da segunda linha, ao mesmo tempo que procura evitar que as brasas e o calor deem início a novos focos de incêndio.
“Estamos centrando esforços para conseguir conter o incêndio na terceira linha, que fica fora dos limites do parque nacional”, explicou Cruz, garantindo que toda a estrutura montada para enfrentar um dos maiores incêndios que já atingiram a unidade de conservação desde a sua criação, em 1961, será mantida até que todo o fogo tenha sido apagado nas redondezas do parque. O combate ao fogo estende-se pelo Vale do Rio São Miguel.
Cerca de 200 brigadistas e bombeiros se revezam noite e dia. Ainda assim, até esta manhã, as autoridades ambientais calculavam que mais de 60 mil hectares de vegetação já tinham sido consumidas pelas chamas. Além da morte de animais, isso significa que aproximadamente 25% dos 240 mil hectares totais do parque foram atingidos. Um hectare corresponde às medidas de um campo de futebol oficial.
Além dos brigadistas e bombeiros, cerca de 100 voluntários participam da operação coordenada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que conta com cinco aviões-tanque do próprio instituto, um avião Hérculos C-130, da Força Aérea Brasileira (FAB), e quatro helicópteros e veículos.
Para Cruz, apesar dos estragos, a operação pode ser considerada “exitosa” se forem levadas em conta as “condições climáticas bastante severas” que os brigadistas e voluntários estão enfrentando em toda a região.
“Pode parecer um paradoxo, mas o incêndio que está ocorrendo é o maior da história. As condições climáticas estão bastante severas, não só no Cerrado, mas no país inteiro. As temperaturas estão elevadas, o clima está muito seco, a estiagem foi muito maior que em anos anteriores e os ventos estão mais fortes”, comentou Cruz, acrescentando que semelhante conjunção de fatores complicadores não era registrada desde 2010. “Só que, este ano, a estiagem está sendo mais prolongada, principalmente no Cerrado. Já era para estar chovendo, mas continuamos com temperaturas muito altas e clima muito seco.”
De acordo com o coordenador-geral de Proteção do ICMBio, Luiz Felipe de Luca, o total de áreas destruídas pelo fogo em todo o país está muito próximo aos dados do ano passado, mesmo 2017 tendo sido “um ano crítico”. Em 2016, 1,1 milhão de hectares foram devastados pelas chamas. Este ano, o levantamento já aponta um resultado próximo a um milhão de hectares queimados. O ICMBio é uma autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente,
“Possivelmente, o número no final do ano vai ser superior [ao de 2016], mas deve ficar próximo, porque, historicamente, o período crítico já está próximo do fim nas áreas de maior incidência de incêndios e, mesmo que ocorram novos incêndios, eles deverão ser de menor monta”, disse Luca.
O ministro confirmou as informações de que há indícios de que o incêndio no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros foi criminoso.
“Existem fortes indícios de que o incêndio foi criminoso. Testemunhos informais de moradores revelam que motoqueiros foram vistos levando galões de gasolina. Isso é uma variável difícil de contermos”, disse o Cruz, assegurando que o ministério já solicitou ao Ministério da Justiça que a Polícia Federal investigue o caso.
Por motivo de segurança, o parque permanece interditado para visitação, por tempo indeterminado.