Governo confirma 22 mortes durante tentativa de fuga em presídio no Pará
A Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) do Pará atualizou o número de mortos durante a tentativa de fuga de presos do Centro de Recuperação Penitenciário do Pará III (CRPP III), no Complexo Prisional de Santa Izabel, região metropolitana de Belém, na tarde da última terça-feira (10).
Em nota divulgada na noite desta quinta-feira (12), a superintendência informou que são 22, e não 21 os mortos na troca de tiros entre integrantes do grupo armado que invadiu o complexo penitenciário para tentar resgatar um grupo de detentos e agentes do Batalhão Penitenciário.
Vinte e um mortos já foram identificados pelo Instituto Médico Legal (IML), por meio de reconhecimento familiar. Vinte deles são presos, dentre os quais estão cinco internos da Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel (Cpasi), localizada próxima ao CRPP III, que deram apoio externo à tentativa de fuga. A vigésima primeira vítima identificada é o agente penitenciário Guardiano Santana, 57 anos. A vigésima segunda vítima ainda aguarda o reconhecimento familiar.
Na mesma nota, as autoridades estaduais asseguram que nenhum preso escapou do complexo prisional. Além disso, segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), imagens do sistema de vigilância interna exibem internos da colônia penal portando ao menos duas armas.
Na quarta-feira (11), representantes das polícias Civil e Militar apresentaram aos jornalistas onze armas e farta munição que afirmam ter apreendido no interior do complexo penitenciário logo após a tentativa de fuga. Entre o armamento apreendido há quatro fuzis, duas espingardas calibre 12, uma submetralhadora, uma carabina ponto 30, uma arma caseira e duas pistolas ponto 40. As autoridades afirmam que também foram apreendidos dois coletes, carregadores, munições de vários calibres, estoques, simulacro de explosivo, facas e ferramentas, além de um telefone celular e entorpecentes.
Na ocasião, o coronel Albernando Monteiro, corregedor da PM, comentou que só após a conclusão dos inquéritos das duas polícias “será possível dizer as circunstâncias da ação ocorrida no Complexo”. Ainda de acordo com Monteiro, durante a ação, os vigilantes foram surpreendidos por tiros disparados contra as guaritas de três pontos diferentes: do interior do próprio complexo prisional; da mata ao redor da unidade e da Colônia Penal Heleno Fragoso.
Além dos mortos, ao menos três agentes de segurança também ficaram feridos e tiveram que ser hospitalizados. Segundo a Susipe, a unidade onde ocorreu a tentativa de fuga, o CRPP III, está superlotada. Embora tenha capacidade para abrigar 432 internos, o centro de recuperação reunia, no dia da ocorrência, 605 detentos. No total, o Complexo Penitenciário de Santa Izabel abriga a 6 mil presos distribuídos por nove unidades internas.
Representantes do Ministério dos Direitos Humanos, entre eles a ouvidora Nacional dos Direitos Humanos, Érica Queiroz, estão visitando o local hoje. O grupo deve se reunir com representantes do Poder Executivo Estadual, com órgãos do Sistema de Justiça e com instituições de direitos humanos e representantes da sociedade civil. Segundo o ministério, o objetivo é “sensibilizar o governo do estado sobre a urgência em identificar as vítimas após rebelião”.