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Hospital de Niterói lançará campanha para banco de leite

Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 02/08/2018 - 09:05
Rio de Janeiro

Uma campanha para doação de frascos de vidro para o Banco de Leite do Hospital Universitário Antonio Pedro (Huap), da Universidade Federal Fluminense (UFF), será lançada no próximo sábado (4) pelo São Francisco Hospital e Maternidade (SFHM), de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. A meta é marcar a Semana Mundial de Aleitamento Materno, comemorada de 1º a 7 de agosto em diversos países, além de estimular o cadastramento de novas doadoras de leite humano.

As atividades fazem parte da programação especial gratuita “Falando Sobre Aleitamento Materno”, promovida desde 2014 pelo SFHM em adesão ao movimento instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1992 e adotado no Brasil em 1999. Destaque para o mamaço que ocorrerá no Campo de São Bento, em Icaraí, zona sul de Niterói.

Brasília - Na 15ª Semana Mundial de Amamentação, grupo de mães se reúne em Brasília para amamentar seus bebês simultaneamente em público e, com isso, chamar a atenção para a importância de amamentar (Valter Campanato/Agência Brasil)
Leite materno é fundamental para a saúde de um bebê (Valter Campanato/Agência Brasil)

O coordenador do Banco de Leite do Huap-UFF, professor Herdy Alves, destacou, em entrevista à Agência Brasil, que agosto é o mês da amamentação no Brasil, instituído pelo Ministério da Saúde, o mesmo ocorrendo em Niterói, por decreto da prefeitura.
Ele disse que isso traz uma força para o trabalho de promoção, proteção e apoio ao “aleitamento materno em uma vertente de cuidados às mulheres, crianças, homens e famílias”.

Tampas de plástico

O professor disse que, a partir disso, todo movimento que está acontecendo em Niterói, inclusive a campanha de vidros para o Banco de Leite do Huap, tem como propósito articular a promoção do aleitamento materno com leite humano doado para atender os bebês prematuros de 300 gramas a 800 gramas.

Considerou que esse vidro doado tem um papel fundamental na garantia do leite humano pasteurizado. Os vidros doados não podem ter tampas metálicas que enferrujam e podem afetar a qualidade do alimento. A preferência são frascos de vidro com tampas de plástico de rosca.

Ao chegar no banco de leite do Huap, o vidro passa por uma higienização. Em seguida, ele é esterilizado, colocado em embalagem apropriada, com validade de três meses.

As mulheres que são doadoras ou que querem doar o excesso de leite fazem contato com o banco. Um profissional de saúde qualificado é enviado para fazer o cadastro das mulheres, que recebem os vidros com orientações de como coletar o leite humano.

O leite coletado vai para o banco de leite e passa pelo processo de pasteurização. Após a verificação da segurança do leite humano pasteurizado, ele é encaminhado para os bebês prematuros que são beneficiados, informou o coordenador.

O Banco de Leite do Huap-UFF abastece sete municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro. “Hoje, nós temos cinco salas de apoio ao aleitamento materno vinculadas ao banco de leite nos municípios onde nós atuamos em parceria, na perspectiva da promoção, proteção e apoio junto às mulheres, crianças e famílias”.

O Banco de Leite do Huap conta com salas de apoio à amamentação em Niterói, Maricá, São Gonçalo e Rio Bonito, e abastece mais três municípios que integram a região metropolitana 2: Itaboraí, Tanguá e Silva Jardim.

Estoque

Hoje, há um ‘déficit’ de leite humano, disse Alves. O ideal seria ter um estoque em torno de 30 litros a 50 litros por semana, mas atualmente, a média de entrada oscila entre 10 litros e 15 litros por semana. O Huap atende não só a UTI Neonatal própria, mas a partir deste mês começará a atender também bebês prematuros do Hospital Azeredo Lima.

A jornalista Marina Rocha amamentou o filho Miguel até os cinco meses com leite materno. “Eu amamentei exclusivamente com leite do peito até os cinco meses. Acho que é muito importante para criar vínculo [entre a mãe e o filho]. Além disso, acho importante amamentar o bebê. É muito bom para a gente e para o bebê ver que ele está satisfeito”, disse Marina. Como ela está de retorno ao trabalho, começou a introduzir outros alimentos na dieta do filho, mas espera continuar amamentando “enquanto tiver leite e ele estiver pegando meu peito”.

Já Lorena Coutinho tornou-se doadora porque seu filho Enzo, nascido há 9 dias, está na UTI Neonatal em função de dificuldades para respirar. Como o bebê está ainda impossibilitado de mamar no peito, Lorena decidiu doar o leite que tem.
“Para mim, foi gratificante porque fico com pena de jogar fora quando um monte de crianças precisa de leite humano. E como meu filho não está mamando, para mim foi bom doar”.

Doação

Entre 2016 e 2018, o banco do Huap recebeu cerca de 990 litros de leite de doadoras cadastradas, sendo que, desse total, quase 300 litros já pasteurizados foram consumidos por bebês da UTI Neonatal do próprio hospital. Hoje, o banco tem 15 doadoras. O ideal seria ter 50 doadoras, comentou o coordenador.

Quem quiser doar, pode ligar para o Banco de Leite do Huap para o número 26299234 e solicitar a visita de funcionários capacitados. É feito o cadastro e verificado se a mulher pode realmente ser doadora, se ela tem produção e se a criança dela está sugando adequadamente.

“Tem todo um diagnóstico para garantir que o bebê não tenha prejuízo. Se ela tiver excesso (de leite), esse excesso é muito bem-vindo para os bebês prematuros”. Já a Rede de Bancos de Leite Humano do Brasil, desenvolvida pelo Ministério da Saúde, beneficiou, entre 2009 e 2017, cerca de dois milhões de recém-nascidos.