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Ceará registra novos ataques criminosos

Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 23/01/2019 - 11:24
Brasília

O Ceará registrou mais uma noite de ataques criminosos, com ocorrências em diferentes cidades. Pelo menos três veículos e um posto de gasolina foram incendiados entre a noite desta terça-feira (22) e a madrugada de hoje (23), 22º dia consecutivo da onda de ataques a ônibus, carros, prédios públicos, estabelecimentos bancários e edificações em vias públicas iniciada no último dia 2. Investigadores apuram se as ocorrências têm ligações com os ataques dos últimos dias.

Em Caucaia, a cerca de 20 quilômetros da capital, Fortaleza, homens ainda não identificados lançaram um carro em chamas contra um posto de combustível localizado às margens da Rodovia CE-090. O veículo usado na ação pertencia a um motorista de aplicativo e foi furtado próximo ao local onde o posto funciona. O carro foi destruído pelas chamas, que também atingiram parte do estabelecimento, inclusive duas bombas de combustíveis. Testemunhas informaram que, após lançar o carro contra o posto, um dos criminosos se feriu ao deixar o veículo em chamas.

Em Pindoretama, a aproximadamente 50 quilômetros de Fortaleza, o carro de um funcionário do deputado estadual Vitor Valim (Pros) foi incendiado ontem (22) à noite. Apresentador de um programa jornalístico policial na TV, Valim divulgou um vídeo nas redes sociais. Nele, o parlamentar diz que a ação contra seu funcionário visa a intimidá-lo. “Há muito tempo minha atuação como parlamentar e apresentador de televisão tem gerado muita raiva nos fora da lei. Recebo inúmeras ameaças por redes sociais, telefonemas, vídeos. Infelizmente, o estado passa por uma onda de violência.”

Segundo o empregado de Valim, cujo nome não foi informado, homens encapuzados o pararam enquanto ele dirigia o veículo, próximo ao sítio do parlamentar. Ainda segundo o funcionário, os criminosos pediram que ele descesse do carro e, então, atearam fogo no veículo, que foi consumido pelas chamas. Ninguém se feriu ou foi detido e o caso já está sendo investigado.

Ainda na noite desta terça-feira, o esquadrão antibombas da Polícia Militar isolou por cerca de duas horas uma das plataformas do terminal de ônibus de Messejana. Acionados para inspecionar o conteúdo de uma mochila abandonada, que verificaram não oferecer risco, os agentes foram alertados por guardas municipais de que, em um dos banheiros, havia material e instrumentos que poderiam ser usados na confecção de artefatos explosivos, como álcool, solvente, canivete, fósforo e papel. Todo o material apreendido foi entregue à Polícia Civil e será periciado.

A suspeita da presença de uma bomba também mobilizou agentes da Polícia Militar e da Força Nacional de Segurança e, ainda que as outras plataformas de embarque e desembarque continuassem operando normalmente, muitos usuários evitaram entrar no terminal temendo uma explosão.

Ataques

Até a tarde de ontem (22), 411 suspeitos de participar das ações orquestradas já tinham sido capturados. Segundo autoridades estaduais e especialistas em segurança pública, as ações podem ser uma reação de facções criminosas à nomeação do secretário de Administração Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque, e ao anúncio de medidas para reforçar a segurança nos presídios, como a não separação de presos em presídios por facção.

Para tentar conter os ataques, o governo estadual convocou cerca de 1.200 policiais militares da reserva para voltarem ao serviço. No dia 4, o governo federal autorizou o envio de agentes da Força Nacional de Segurança Pública para auxiliar no combate aos ataques. No dia 13, o governador Camilo Santana (PT) sancionou leis que facilitam a adoção de medidas como a convocação dos militares reservistas; o pagamento a quem fornecer informações que resultem na prisão de bandidos ou evitem ataques criminosos no estado, entre outras.

Nesta semana, devem começar a chegar os primeiros integrantes da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária, subordinada ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Por razões de segurança, o órgão não informa quantos agentes prisionais serão cedidos por outros estados para integrar o grupo especial no Ceará.