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Fundador da rede varejista Ricardo Eletro é preso por sonegação fiscal

Empresário é suspeito de sonegar cerca de R$ 400 milhões
Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 08/07/2020 - 11:09
Brasília

Policiais civis, auditores-fiscais da Receita e três promotores de Justiça de Minas Gerais saíram às ruas de quatro cidades mineiras e de São Paulo nas primeiras horas da manhã de hoje (8) para cumprir três mandados judiciais de prisão e 14 mandados de busca e apreensão expedidos contra empresários investigados por sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

Entre os principais alvos da investigação está o fundador da rede varejista Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, detido em São Paulo. A filha mais velha do empresário, Laura Nunes, e um irmão também são alvo da Operação Direto com o Dono. Um segurança que tentou impedir a ação policial também foi detido pelo crime de desobediência.

Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG), os investigados são suspeitos de sonegar, ao longo de mais de cinco anos, cerca de R$ 400 milhões em impostos estaduais, como o ICMS. De acordo com promotores que participam da operação conjunta, além dos valores sonegados aos cofres públicos mineiros, a Ricardo Eletro tem “dívidas vultosas em praticamente todos os estados onde possui filiais [lojas]”.

De acordo com o Ministério Público, "o inquérito corre sob sigilo, mas as provas já colhidas denotam a participação efetiva deste alvo na administração da empresa. Há inúmeros indícios de que esta administração fática ainda é realizada pelo alvo principal da operação".

Expedidos pela Vara de Inquéritos de Contagem, os mandados de prisão e de busca e apreensão estão sendo cumpridos em Belo Horizonte, Contagem, Nova Lima, em Minas Gerais, e nas cidades de São Paulo e Santo André (SP).

A fim de garantir o ressarcimento dos prejuízos aos cofres mineiros, a Justiça também determinou o sequestro ao equivalente a R$ 60 milhões em bens imóveis atribuídos a Ricardo Nunes – ainda que muitos deles, segundo os promotores responsáveis pelo caso, estejam registrados em nome de parentes do empresário. De acordo com o Ministério Público, a medida é necessária pois a Ricardo Eletro encontra-se em situação de recuperação extrajudicial, “sem condições de arcar com suas dívidas, já tendo fechado diversas unidades e demitido dezenas de trabalhadores”.

No total, a Operação Direto com o Dono mobiliza três promotores de Justiça, 60 auditores-fiscais da Receita estadual, quatro delegados e 55 investigadores da Polícia Civil. 

Ricardo Eletro

Em nota, a Ricardo Eletro informou que Ricardo Nunes e familiares não fazem parte do seu quadro de acionistas e nem mesmo da administração da companhia desde 2019. 

“A Ricardo Eletro pertence a um fundo de investimento em participação, que vem trabalhando para superar as crises financeiras que assolam a companhia desde 2017, sendo inclusive objeto de recuperação extrajudicial devidamente homologada perante a Justiça, em 2019”, diz a nota.

A Ricardo Eletro esclareceu que “a operação realizada hoje (8) pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pela Receita Estadual e pela Polícia Civil, faz parte de processos anteriores a gestão atual da companhia e dizem respeito a supostos atos praticados por Ricardo Nunes e familiares, não tendo ligação com a companhia”.

Em relação à dívida com o estado de Minas Gerais, a Ricardo Eletro disse que “reconhece parcialmente as dívidas e, antes da pandemia, estava em discussão avançada com o estado para pagamento dos tributos passados, em consonância com as leis estaduais”.

A nota diz ainda que a Ricardo Eletro se coloca à disposição para colaborar integralmente com as investigações.

A Agência Brasil não conseguiu entrar em contato com os advogados de Ricardo Nunes.

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