Arquivo pessoal da cientista Maria Isaura ficará disponível online

Documentos se somarão aos 16 arquivos pessoais do acervo da FGV

Publicado em 08/03/2022 - 19:25 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

No Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje (8), a Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV CPDOC) comunicou o recebimento do arquivo pessoal de Maria Isaura Pereira de Queiroz (1918-2018), uma das mais relevantes cientistas sociais brasileiras. O conjunto documental da cientista se soma a outros 16 arquivos pessoais de mulheres que já integram o acervo da FGV CPDOC.

Maria Isaura Pereira de Queiroz formou-se em 1949 pela Universidade de São Paulo (USP), onde se tornou assistente do sociólogo francês Roger Bastide na disciplina Sociologia I. No início dos anos 1950, estudou em Paris e, em 1960, passou a lecionar na USP. Foi a primeira mulher a receber o título de professora emérita da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFLCH) dessa universidade.

O arquivo de Maria Isaura é composto por documentos impressos, audiovisuais, fotográficos e textos e reflete uma ampla e original produção acadêmica que inclui documentos dos cursos ministrados por Roger Bastide e Antônio Cândido, registros de suas pesquisas acadêmicas, fichamentos produzidos ao longo de sua carreira e registros sobre sua atuação na USP, com foco especial nas atividades desenvolvidas pelo Centro de Estudos Rurais e Urbanos (CERU), do qual foi fundadora. Há ainda correspondência diversa e documentos sobre os prêmios que recebeu ao longo de sua carreira, entre os quais o prêmio Almirante Álvaro Alberto, mais alta condecoração científica no Brasil, concedido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq); e o prêmio literário Jabuti.

Mulheres

Arquivo Maria Isaura Pereira de Queiroz (FGV CPDOC).
Arquivo Maria Isaura Pereira de Queiroz (FGV CPDOC)

A nova aquisição é fruto do trabalho da FGV CPDOC para identificar e difundir os registros da atuação de mulheres brasileiras nos cenários político, científico e acadêmico do Brasil. A coordenadora do Programa de Arquivos Pessoais (PAP) da FGV CPDOC, Carolina Alves, destacou que o objetivo é dar maior visibilidade às histórias e trajetórias das mulheres brasileiras. Desde 2020, a FGV CPDOC, em parceria com o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, o Arquivo Nacional e o Instituto Moreira Salles, mantém a Rede Arquivos de Mulheres.

Carolina Alves assinalou que o material de Maria Isaura será catalogado, vai passar por tratamento que pode incluir restauração de algum documento antes de ser digitalizado e, posteriormente, será disponibilizado online à consulta pública. Em janeiro deste ano, o CPDOC recebeu o arquivo de Carlota Pereira de Queiroz, primeira deputada federal do Brasil e tia de Maria Isaura, informou Carolina Alves à Agência Brasil.

Outras mulheres cujos arquivos estão reunidos na FGV CPDOC são Delminda Aranha, Luiza Aranha, Rosalina Coelho Lisboa, Hermínia Collor, Hilda Machado, Niomar Moniz Sodré, Almerinda Farias Gama, Alzira Vargas do Amaral Peixoto, Celina Vargas do Amaral Peixoto, Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça, Yvonne Maggie, Luiza Erundina, Silvia Escorel, Alba Zaluar, Mariza Peirano.

Acesso

Dos 17 arquivos femininos salvaguardados pela FGV CPDOC, dez estão disponíveis na internet. Carolina Alves informou que existe probabilidade grande de o arquivo da antropóloga Mariza Peirano, professora emérita do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UNB), ser organizado este ano.

A FGV CPDOC foi criada em 1973. Seu acervo é constituído por 229 arquivos pessoais, totalizando mais de 2 milhões de documentos. A organização desses arquivos e sua abertura à consulta pública está hoje totalmente informatizada por meio do sistema Accessus.

Edição: Kelly Oliveira

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