Greve de rodoviários afeta usuários do transporte público no Recife

Funcionários pedem 5% de aumento e reposição de perda inflacionária

Publicado em 13/08/2024 - 14:31 Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil* - Brasília

Pelo segundo dia consecutivo, parte dos ônibus intermunicipais que atendem à população da região metropolitana do Recife permaneceu nas garagens, deixando parte de 1,2 milhão de usuários do sistema sem transporte público.

Em greve desde ontem (12), os trabalhadores rodoviários prometem manter a paralisação até que as companhias de ônibus atendam suas reivindicações, que incluem aumento salarial e fim do controle das jornadas de trabalho por GPS, ou seja, por rastreamento remoto via satélite.

Na semana passada, os rodoviários, insatisfeitos com as propostas patronais, aprovaram o início da greve a partir de segunda-feira (12).

Segundo o sindicato que representa a categoria no Grande Recife, enquanto os trabalhadores pedem 5% de aumento além da reposição da perda inflacionária do último período, as empresas oferecem 0,5% de aumento real. A categoria também recusou a oferta de elevar o valor do vale-alimentação dos atuais R$ 366 para R$ 400 – quantia que o sindicato considera irrisória.

“Apesar das insistentes tentativas de negociação por parte do Sindicato dos Rodoviários, e após diversas mobilizações da categoria demonstrarem insatisfação, nenhum avanço ocorreu”, disse a entidade trabalhista. Em nota, afirma que, após várias reuniões de negociação, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (Urbana-PE) não acolheu ou propôs alternativa satisfatória à principal demanda da categoria, que é a implementação de um plano de saúde.

Na tentativa de minimizar os impactos da paralisação para a população, o Grande Recife Consórcio de Transportes, empresa pública vinculada à Secretaria Estadual de Mobilidade e Infraestrutura, pediu que a Justiça determine aos rodoviários a manuntenção de uma frota mínima, rodando pelo tempo que durar a greve.

O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 6ª Região ordenou, na segunda-feira (12), o que o Sindicato dos Rodoviários garanta a circulação de, no mínimo, 60% dos ônibus durante o horário de pico (das 6h às 9h e das 17h às 20h) e de 40% nos demais horários, sob pena de receber multas diárias de R$ 30 mil.

Em sua decisão, o desembargador Fábio Farias, do TRT, agendou audiência de conciliação para a tarde desta terça-feira (13), em Recife. Para o Sindicato dos Rodoviários, contudo, a resolução do impasse negocial depende da participação ativa do governo de Pernambuco nas negociações.

“Só em subsídios públicos, o governo estadual já destinou mais de R$348 milhões aos empresários, com a previsão de chegar a R$ 400 milhões até o fim do ano. Entendemos, portanto, que o governo estadual precisa participar das negociações e mediar uma solução”, ressalta o Sindicato dos Rodoviários.

Transportadoras 

O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (Urbana-PE) informou à Agência Brasil que tomará todas as medidas legais para garantir a oferta e a circulação de ônibus na região metropolitana do Recife. Para a entidade patronal, a atitude das lideranças dos trabalhadores é “abusiva e ilegal”.

“Desde o início do mês de julho, a Urbana-PE tratou com o Sindicato dos Rodoviários sobre as negociações coletivas da categoria. A Urbana-PE se manteve aberta ao diálogo durante todo o processo, apresentou propostas concretas e sempre buscou um entendimento com os representantes da categoria”, destaca o sindicato patronal.

“Lamentavelmente, as lideranças rodoviárias rejeitaram qualquer possibilidade de acordo e optaram por persistir causando transtornos à população da região metropolitana do Recife. Alertamos que esses movimentos, assim como as tratativas acerca das negociações, têm contado com o envolvimento direto de grupos de não rodoviários com motivações políticas e até de sindicalistas de outros estados, sem qualquer relação com a categoria local ou compromisso com os seus pleitos”, acrescentou a Urbana-PE, acusando os rodoviários em greve de desrespeitar à determinação judicial, bloqueando importantes vias de tráfego, como a Avenida Agamenon Magalhães, e impedindo a circulação de veículos em terminais integrados.

*Matéria ampliada às 16h08 para acréscimo de informação.

Edição: Maria Claudia

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