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Internacional

Xanana Gusmão critica funcionamento de organizações internacionais

Da Agência Lusa
Publicado em 27/09/2014 - 17:09
Nova York
Xanana Gusmão
© Antônio Cruz/Agência Brasil

O primeiro-ministro do Timor Leste, Xanana Gusmão, disse hoje (27), em Nova York, que a comunidade internacional está enveredando pelo caminho errado para resolver os problemas do mundo.

"A comunidade internacional está indo pelo caminho errado para resolver os problemas do mundo. Em vez de resolver a exclusão e desigualdades sociais e econômicas, sempre que há um pequeno conflito, enviam logo uma força militar", disse o primeiro-ministro timorense.

Impõem-se "os direitos humanos fazendo guerra, impõe-se a paz fazendo guerra e às vezes impõe-se uma democracia, como foi o caso da Líbia, do Egito e do Iraque", disse Xanana Gusmão.

Ontem (26), o timorense já havia criticado, durante o seu discurso na 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas, o funcionamento ONU. Na oportunidade, ele pediu uma agenda de desenvolvimento transformadora.

"Sempre defendemos que os meios militares não resolvem os problemas. É preciso ver qual é a causa real dos problemas, se não estamos apenas adotando as leis medievais de olho por olho dente por dente", disse ele.

Xanana Gusmão defende também uma alteração radical na forma como as instituições internacionais gerem os seus orçamentos. O político entende que "é preciso mudar a forma como as doações funcionam, porque de 1 milhão (de dólares), nem 30% chegam [às pessoas]. Setenta por cento vão para salários de consultores e gestores de projeto, salários altíssimos”.

O primeiro-ministro percebeu, em Timor Leste e nos países que visitou, que "as pessoas que vão para os locais muitas vezes não têm qualquer experiência. Passam de organização para organização, de quatro em quatro semanas estão de licença e ganham muito dinheiro".

"Tudo isto faz com que muitas organizações não funcionem bem. A intenção é muito boa, os programas são fantásticos. Ensinam-nos sustentabilidade, transparência, muita coisa, mas a atuação de muitas organizações não corresponde ao que ensinam", concluiu o timorense.