Anistia Internacional critica redução de ajuda a imigrantes africanos
A Anistia Internacional criticou hoje (23) a resposta “lamentavelmente inadequada e vergonhosa” da União Europeia à crise no Mar Mediterrâneo, porque não vai “parar a espiral de mortes” de imigrantes e refugiados.
Clandestinamente, africanos atravessam o Mediterrâneo com destino à Europa em busca de melhores condições de vida. Embarcações precárias e superlotação são os principais motivos de desastres no mar.
De acordo com o projeto de declaração, ao qual a organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional teve acesso, os líderes da União Europeia deverão rejeitar a ampliação das operações de busca e socorro no Mediterrâneo e duplicar a Operação Triton, de vigilância das fronteiras europeias.
Se a União Europeia aprovar a proposta em Bruxelas, a operação será inferior, em termos financeiros, humanos e operacionais, à italiana Mare Nostrum, em 2013/14.
A Operação Triton vigia uma área de 30 milhas ao longo da costa da Itália e de Malta, “muito afastada do local onde ocorre a maior parte das mortes”, afirma a Anistia, em comunicado à imprensa.
"O documento [da União Europeia] fica lamentavelmente aquém daquilo que é necessário. Os líderes europeus têm oportunidade e responsabilidade de corrigir seus fracassos colossais, que continuam a originar mortes”, disse a diretora adjunta da Anistia Internacional, Gauri van Gulik.
“Encolher a vigilância das fronteiras da Europa e ignorar a necessidade urgente de salvar aqueles que se afogam é um insulto para os milhares que morreram e uma afronta insensível àqueles que não têm opção senão empreender a perigosa viagem”, ressaltou.
A Anistia informa que, nos primeiros três meses e meio deste ano, cerca de 900 pessoas morreram ou desapareceram no mar. No mesmo período do ano passado, foram 17 mortes, segundo levantamento do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
“Isso significa que uma em cada 23 pessoas morre afogada ao tentar atravessar o Mediterrâneo, registrando-se 53 vezes mais mortes do que em 2014, apesar de o número dos que fazem a travessia continuar a ser mais ou menos o mesmo. Foram 20.899 até meados de abril do ano passado e 21.385 no mesmo período deste ano”, acrescentou a Anistia.