logo Agência Brasil
Internacional

Brasil e Coreia do Sul firmam acordos na área de tecnologia

Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 24/04/2015 - 15:23
 - Atualizado em 24/04/2015 - 15:35
Brasília
Presidenta Dilma Rousseff, recebe a presidente da Coreia, Park Geun-hye, no Palácio do Planalto (Antonio Cruz/Agência Brasil)
© Antônio Cruz/ Agência Brasil

As presidentas do Brasil e da Coreia do Sul, Dilma Rousseff e Park Geun-hye, assinaram hoje (24) nove atos institucionais de cooperação que devem trazer inovações tecnológicas ao país, além de proporcionar o intercâmbio de especialistas. Um dos acordos prevê colaboração em pesquisa e desenvolvimento de comunicação 5G, nova geração da comunicação móvel, e outro, cooperação na área de energia nuclear.

Os dois países criaram o Programa de Cooperação em Tecnologia da Informação Brasil-Coreia. Os acordos de cooperação envolverão empresas, universidades e centros de pesquisa em iniciativas conjuntas que gerarão oportunidades de negócios e o desenvolvimento de alto conteúdo tecnológico para atender a mercados nacionais e internacionais.

Entre as informações a serem intercambiadas estão governança da internet; comunicações móveis em 5G; e aplicação de big data, que é a análise de grandes volumes de dados para geração de resultados importantes que, em volumes menores, dificilmente seriam alcançados. O acordo trata também da aplicação de M2M, a chamada internet das coisas, que possibilita a comunicação entre diversos objetos, enviando e recebendo informações e dados por meio de óculos, relógios e outros objetos que possam usar a rede mundial de computadores.

No que diz respeito à geração de energia, os países vão colaborar na área de energia nuclear por intermédio de troca de dados, experiências, visitas e trabalho conjunto entre a Eletronuclear e a Eletrobrás e a Korea Electric Power Company. Dilma ressaltou a colaboração como importante para reduzir as emissões de gás carbônico produzidos a partir da produção de energia termoelétrica, por exemplo, usada pelo Brasil. Ela destacou a ação como uma colaboração em nível mundial para a questão do clima.

Entre os nove atos, está também o memorando de entendimento entre a Vale S.A (empresa mineradora) e o Korea Eximbank. A instituição coreana pretende financiar com US$ 2 bilhões projetos da Vale envolvendo empresas coreanas. Dilma aproveitou a ocasião para anunciar que pretende inaugurar a Companhia Siderúrgica do Pecém, no Ceará, até o início do ano que vem. A siderúrgica é uma parceria entre a Vale e as coreanas Dongkuk e Posco.

Serão fortalecidos os laços de comércio entre pequenas e médias empresas brasileiras e coreanas. Um dos atos trata especificamente das trocas de conhecimento para redução do uso do papel no comércio. Por meio dos acordos comerciais, Dilma pretende ampliar e diversificar o comércio de bens com maior valor agregado.

Além dos nove atos, foi assinado o protocolo adicional à convenção destinada a evitar dupla tributação e prevenir a evasão fiscal em matéria de impostos sobre a renda para emendar a convenção original, assinada em 1989 entre os dois países, de modo a atualizar questões relativas à troca de informações.

A Coreia do Sul é responsável por aproximadamente US$ 3 bilhões em investimentos no Brasil, principalmente nas áreas automotiva, de semicondutores e de siderurgia. Entre 2009 e 2014, o comércio bilateral entre Brasil e Coreia do Sul passou de US$ 7,47 bilhões para US$ 12,35 bilhões. O saldo da balança comercial tem sido negativo para o Brasil, chegando a praticamente US$ 4,7 bilhões em 2014. As exportações brasileiras somaram US$ 3,83 bilhões enquanto as importações ficaram em US$ 8,52 bilhões no ano passado. Em 2009, o déficit estava em US$ 2,16 bilhões.

Uma das questões tratadas no encontro foi o rompimento das barreiras coreanas para a importação da carne suína produzida em Santa Catarina para melhorar a situação deficitária da balança comercial com aquele país. A carne suína brasileira encontra dificuldades no mercado porque a Coreia não aceita o chamado Princípio da Regionalização – segundo o qual bastaria a uma unidade federativa, e não ao país como um todo, ter certificação sanitária internacional para exportar carne. Dilma disse que a carne é referência de qualidade para mercados exigentes como os Estados Unidos, o Japão e a China. Mas não foi anunciada decisão nesse sentido.

A empresa sul-coreana Samsung também firmou acordo de cooperação com o governo brasileiro, identificando e recomendando projetos, inclusive startups para participarem dos acordos de cooperação e serem incorporados às atividades da empresa no Brasil. Em cinco anos, a Samsung vai investirá US$ 5 milhões no projeto. A empresa atuará junto à Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e ao Centro de Economia Criativa e Inovação (CCEI) Daegu, coreano.

Após encontro com a presidenta Dilma, Park Geun-hye vai para São Paulo, onde participa de evento empresarial organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Câmara Coreana de Comércio e Indústria.

Matéria alterada às 15h35 para acréscimo de informação



Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, visita o Brasil