Rota de refugiados pelos Bálcãs está cada vez mais restrita e frio é nova ameaça
Com a proximidade do inverno, as temperaturas na Europa estão em queda e representam um perigo a mais para os migrantes e refugiados que tentam chegar ao oeste do continente, a países como Suécia e Alemanha. Milhares dormiram ao relento na fronteira da Sérvia com a Croácia, pois a passagem havia sido temporariamente fechada para controlar o fluxo de pessoas.
De lá, elas seguem para a Eslovênia, que entrou na rota depois que a fronteira da Hungria com a Croácia foi fechada. Desde as primeiras horas do último sábado, mais de vinte mil pessoas entraram em território esloveno, país com apenas dois milhões de habitantes.
O governo mostrou preocupação com o fluxo e conseguiu que o Parlamento aprovasse, nesta quarta-feira (21), uma mudança na lei que permite o uso do Exército para patrulhar a fronteira onde não haja policiamento. Até então, as forças militares eram empregadas apenas como apoio técnico e logístico à polícia. E as autoridades do país não descartam a possibilidade de erguer barreiras físicas, como fez a Hungria.
Em um campo para refugiados no leste da Eslovênia, próximo à fronteira com a Croácia, tendas pegaram fogo e foram totalmente destruídas. As causas ainda estão sendo investigadas, mas a imprensa internacional diz que o fogo foi iniciado pelos refugiados como forma de protesto pelas condições nesses campos, como falta de comida, água e cobertores, e a demora para que possam seguir viagem até a Áustria.
Diante do agravamento da situação na região dos Bálcãs e arredores, a Comissão Europeia convocou para domingo (25) uma reunião de líderes para discutir que medidas podem ser tomadas de forma imediata. Áustria, Alemanha, Croácia, Eslovênia, Hungria, Grécia, Romênia e Bulgária devem enviar líderes para dialogar com representantes da Sérvia e da Macedônia, que não fazem parte da União Europeia, mas estão na rota dos refugiados.
Distribuição de refugiados
Hoje, mais 70 refugiados - da Eritreia, na África, e da Síria – deixaram a Itália em direção à Finlândia e à Suécia. É o segundo grupo a ser realocado como parte do plano acordado entre líderes europeus em setembro, para distribuir 160 mil refugiados entre os membros da União Europeia.
O refugiado sírio de 36 anos Ammar Chker esperava, sorridente e ansioso, para embarcar. Com ele, estavam também a esposa e duas filhas pequenas. Outros dois filhos morreram na Líbia. “Eu preciso ficar na Suécia para ter segurança. Principalmente para as minhas crianças”, disse Chker.
Além desse grupo, apenas outros 19 refugiados foram admitidos, na semana passada. É ainda muito pouco, diante dos 160 mil que devem ser distribuídos e ainda mais levando em conta que mais de 600 mil já chegaram à Europa pela costa da Grécia e da Itália este ano.
“É verdade, é apenas uma gota, um primeiro passo. Nós temos certeza de que, no final deste ano e no início do ano que vem, o número precisará ser muito maior”, disse a porta-voz da agência da ONU para Refugiados, Carlotta Sami, referindo-se ao esquema de distribuição de refugiados.