Em votação acirrada, candidatos de direita disputam presidência do Peru
Com 97,097% dos votos apurados, a votação para as eleições presidenciais no Peru está acirrada entre os candidatos Pedro Pablo Kuczynski e Keiko Fujimori. No último balanço divulgado às 7h59 desta terça-feira (9h59 no Brasil) pelo Escritório Nacional de Processos Eleitorais (Onpe, da sigla em espanhol), Kuczynski estava com 50.142% dos votos válidos, enquanto Keiko tinha 49.858%. O país realizou, no domingo (5), o segundo turno das eleições presidenciais.
Em termos econômicos, ambos são afinados com ideias de direita e defendem um plano neoliberal para o país, sem maior participação do Estado. Mas opositores temem que Keiko retome o fujimorismo, governo autoritário levado por seu pai, o ex-presidente Alberto Fujimori de 1990 a 2000). Desde 2009, ele cumpre a pena de 25 anos de prisão por corrupção e crimes de violações aos direitos humanos.
A candidata, que perdeu para o atual presidente Ollanta Humala no último pleito, conduziu uma campanha eleitoral agressiva, conquistando o apoio de grupos conservadores ao se declarar contrária ao aborto e ao casamento gay. Durante a campanha, enfrentou protesto de muitos peruanos que dizem que Keiko é uma ameaça para a democracia; um dos grupos lembrou das milhares de mulheres que passaram por uma esterilização forçada pela ditadura Fujimori e da violência dos crimes políticos.
O escritor peruano Mario Vargas Llosa também se manifestou durante a campanha dizendo que se Keiko chegar à presidência do Peru “a ditadura será legitimada”.
O grande destaque ganhado por Keiko na disputa se deve também ao momento de crise que o governo de Ollanta Humala atravessa. A popularidade do atual presidente está em apenas 16%, segundo estudo do Instituto Ipsos.
O primeiro turno das eleições presidenciais no Peru foi no dia 10 de abril. Keiko Fujimori liderou a disputa e conquistou 39,86%, não atingindo, portanto, os mais de 50% necessários para vencer em primeiro turno. O segundo candidato mais votado foi Kuzcynski, com 21,05% e a terceira foi Verónika Mendoza, com 18,74%. No segundo turno, Verónika representou um importante apoio a Kuczynski.
A campanha do ex-ministro da Economia do Peru Pedro Pablo Kuczynski está sendo apoiada até por partidos de esquerda e centro-esquerda, que preferem defender um candidato de direita a abrir mão de um posicionamento e "correr o risco" da volta do fujimorismo ao Peru. Para se ter ideia, no primeiro turno, o economista havia conquistado apenas 21,05% dos votos.
Sete dos 19 partidos peruanos anunciaram apoio à eleição do ex-ministro - mesmo afirmando que serão oposição ao novo governo "desde o primeiro dia". Já Keiko conta com o apoio de apenas uma sigla, a Peru Nación. Desde 2000, não era vista uma união entre as diferentes vertentes políticas do país. Naquela época, uma marcha contra a reeleição de Alberto Fujimori à presidência uniu partidos rivais.
O vencedor do pleito deste ano, substituirá o presidente Humala para o período de 2016 a 2021. A expectativa do Escritório Nacional de Processos Eleitorais (Onpe, da sigla em espanhol) é de que o resultado deve ser conhecido na quinta (9) ou sexta-feira (10).
*Com informações da Agência Ansa


