Líder da Assembleia da ONU lamenta saída dos EUA do pacto global de migração
O presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Miroslav Lajcak, expressou neste domingo (3) seu pesar pela decisão dos EUA de se retirar do pacto global de migração, um processo liderado pela ONU para promover uma migração segura, ordenada e regular. Lajcak lamentou a decisão dos EUA, dizendo que nenhum país pode lidar sozinho com a migração internacional. A informação é da Agência Xinhua.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, foi informado por um comunicado à imprensa no sábado da decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de encerrar a participação no processo que alcançaria o primeiro acordo intergovernamental negociado sobre migração internacional até 2018, disse a missão dos EUA para as Nações Unidas.
"Na Declaração de Nova York para refugiados e migrantes (de 2016), todos os países membros da ONU reconheceram que nenhum Estado pode gerenciar a migração internacional por conta própria. Além disso, comprometeram-se a fortalecer a governança global da migração. Para esse fim, os Estados membros concordaram no mais alto nível em iniciar um processo que leve à adoção de um pacto global em 2018," disse Brenden Varma, porta-voz de Lajcak, em um comunicado.
"O papel dos Estados Unidos neste processo é crítico, pois o país tem recebido historicamente e generosamente pessoas de todo o mundo e permanece sendo um lar para o maior número de migrantes internacionais do mundo. Como tal, tem a experiência e o conhecimento para ajudar a garantir que este processo tenha um resultado bem-sucedido", enfatizou a nota.
Lajcak sublinhou que a migração é um fenômeno global que exige uma resposta global e que o multilateralismo continua a ser a melhor forma de enfrentar os desafios globais, afirmou o comunicado. “Mas, apesar da retirada dos EUA, as Nações Unidas não devem perder esta oportunidade de melhorar a vida de milhões de pessoas em todo o mundo através do pacote de migração global”, afirmou.
Incompatível com Trump
A participação dos EUA no processo do pacto começou em 2016, seguindo a decisão da administração Obama de se juntar à Declaração de Nova York para Refugiados e Migrantes. Essa declaração “contém inúmeras disposições que são incompatíveis com as políticas de migração e refugiados dos EUA e os princípios de migração do governo Trump. Como resultado, o presidente determinou que os Estados Unidos acabariam com a sua participação no processo do pacto que visa alcançar o consenso internacional em 2018," afirmou à imprensa a missão dos EUA na ONU.
A representante permanente dos EUA para as Nações Unidas, Nikki Haley, disse que as decisões do seu país sobre as políticas de migração “devem ser sempre feitas por americanos e apenas por americanos. Vamos decidir a melhor maneira de controlar nossas fronteiras e quem será autorizado a entrar em nosso país. A Declaração de Nova York simplesmente não é compatível com a soberania dos EUA".
Na sequência da Declaração de Nova York de setembro de 2016, a Assembleia Geral começou a desenvolver este pacto global em abril de 2017. A Assembleia Geral realizará uma conferência intergovernamental sobre migração internacional em 2018 com vistas à adoção do pacto global.