Ortega critica criação de grupo de trabalho sobre crise na Nicarágua
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, criticou a criação do grupo de trabalho, pelo Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), que procura apoiar o diálogo nacional e contribuir na busca de soluções para a crise que vive o país, a mais sangrenta desde a década de 1980.
Em discurso por ocasião do 38º aniversário da Força Naval, Ortega afirmou que os países que criaram o grupo de trabalho assumiram "uma política intervencionista" contra seu governo.
A criação do grupo foi aprovada no último dia 2, por meio de resolução, endossada por 20 dos 34 países que são membros ativos da OEA.
O grupo é integrado pela Argentina, o Brasil, Canadá, Chile, a Colômbia, Costa Rica, o Equador, os Estados Unidos, a Guiana, o México, Panamá e Peru, e tem como objetivo colaborar no processo de diálogo nacional na Nicarágua e articular medidas de apoio, acompanhamento e verificação.
De acordo com Ortega, esses "governos deveriam primeiro checar suas casas, pois têm tantos problemas, tantos crimes cometidos diariamente nesses países" e seus conflitos não são discutidos na OEA.
Além disso, considerou que esses países "foram chamados a se organizar pelas forças intervencionistas dos Estados Unidos".
Para Ortega, Washington está pautando e estabelecendo as diretrizes na OEA sobre a crise nicaraguense, embora os Estados Unidos não reconheçam a autoridade da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Ele também criticou o fato de o vice-presidente americano, Mike Pence, pedir a outros governos que se pronunciem sobre a situação na Nicarágua, porque "a Igreja está sendo atacada", o que ele chamou de "o cúmulo".
Os protestos contra Ortega começaram em 18 de abril e deixaram, segundo diferentes organizações de direitos humanos, entre 317 e 448 mortes. O governo, no entanto, contabiliza as vítimas em 198.