Nicarágua vive dia violento com opositores presos e repressão policial
A polícia da Nicarágua reprimiu hoje (14) um grupo de opositores e deteve 29 pessoas que pretendiam protestar nas ruas de Manágua contra o presidente do país, Daniel Ortega.
O episódio, emoldurado na crise sociopolítica que a Nicarágua vive desde abril deste ano e que deixou centenas de mortos, foi repudiado por organizações internacionais, que exigiram que Ortega respeite os direitos dos cidadãos e a liberdade de manifestação.
Os incidentes começaram quando um grupo de pessoas esperava para se juntar a um protesto convocado para este domingo pela coalizão opositora União Nacional Azul e Branco (UNAB), que não foi realizado.
Dezenas de agentes antidistúrbios e policiais chegaram ao local e entraram em confronto com os opositores, 29 dos quais foram detidos pelas forças de segurança.
Nicarágua livre
Entre os detidos está a diretora na Nicarágua da ONG Teto Internacional, Ana Lucía Álvarez, conforme denúncia da organização.
Horas depois dos incidentes não estava claro quem tinha sido libertado, como foi o caso do repórter Uriel Velásquez, do jornal local El Nuevo Diario, detido e libertado pouco depois.
Os membros da UNAB prometeram seguir adiante com os protestos por uma "Nicarágua Livre", enquanto a polícia reiterou na véspera que não vai permitir "manifestações ou mobilizações que não contem com a devida permissão".
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, exigiu que Ortega liberte os manifestantes detidos, respeite o seu direito de protesto pacífico e que dê fim à "repressão".
Mesa de diálogo
O secretário-executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), o brasileiro Paulo Abrão, lamentou os incidentes e considerou "inaceitáveis" as "atitudes repressivas e autoritárias" do presidente.
A mesa de diálogo entre a Aliança Cívica, composta por setores civis, e o governo de Ortega está suspensa desde julho, depois que grupos governistas agrediram membros do Episcopado que participam como mediadores.
Segundo organizações humanitárias locais e internacionais, desde abril os atos de violência deixaram entre 322 e 512 mortos, enquanto o governo informa que 199 pessoas morreram e denuncia uma tentativa de golpe de Estado.