Romênia vota dividida se muda Constituição para proibir casamento gay
Os eleitores da Romênia começaram a votar hoje (6) para decidir se a Constituição deverá proibir a união de casais do mesmo sexo, em um referendo apoiado pelo Partido Social Democrata (PSD), que governa o país há quase dois anos.
Mais de 19 milhões de cidadãos estão aptos para votar, hoje e amanhã (7), se concordam com a mudança da definição constitucional de casamento, que atualmente é "entre duas pessoas", para especificar que deve ser "entre um homem e uma mulher".
A legislação romena não reconhece o casamento entre pessoas do mesmo sexo. No entanto, a consulta tem como objetivo bloquear, por meio de uma reforma constitucional, a possibilidade de esse tipo de união ser aprovado no futuro.
O referendo só será válido se pelo menos 30% dos eleitores comparecerem às urnas, por isso, devido ao risco de uma baixa participação, o governo decidiu destinar dois dias para a votação.
Tal decisão foi duramente criticada pelos partidos conservadores, que consideram a consulta uma maneira de desviar a atenção dos cidadãos de outras medidas polêmicas do governo.
As urnas abriram hoje às 7h locais (1h em Brasília) e, seis horas mais tarde, apenas 2,54% de cidadãos tinham votado, segundo o Escritório Eleitoral Central (BEC, na sigla em romeno), que acrescentou que não houve registro de incidentes.
Uma pesquisa do instituto Curs prevê que a participação total será de cerca de 34% e que 90% dos que comparecerão às seções eleitorais votarão a favor da modificação.
Apesar de a primeira-ministra, Viorica Dancila, ter rejeitado o envolvimento de seu partido na campanha, muitos políticos social-democratas mostraram apoio à mudança na Constituição.
"Vocês sabem o que representa uma família tradicional, um homem e uma mulher que têm filhos", declarou hoje Liviu Dragnea, o presidente do PSD e homem forte do governo, que foi condenado por fraude eleitoral em 2016.
A oposição conservadora pediu aos cidadãos que boicotassem o referendo, convocado a pedido de vários movimentos religiosos, que chegaram a coletar até 3 milhões de assinaturas pela realização da consulta.
Para o Partido Nacional Liberal (PNL) e a União para a Salvação da Romênia (USR), Dragnea usa a consulta como cortina de fumaça para ofuscar a tensão gerada pelas tentativas do PSD de aprovar leis menos rigorosas para crimes de corrupção.
A organização LGBT Accept, que defende os direitos dos homossexuais, considera que a consulta incita ao ódio e à discriminação e denuncia que o assédio aos gays aumentou desde que o referendo foi anunciado.