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Internacional

Argentina muda política monetária por desaceleração da inflação

Agência EFE
Publicado em 05/12/2018 - 16:12
Buenos Aires

O Banco Central da Argentina (BCRA) anunciou hoje (5) que a inflação começou a dar sinais de desaceleração e, por isso, decidiu eliminar o piso de 60% para a taxa básica de juros, estabelecida em meio à crise cambial no país.

El peso argentino profundiza su caída y se devalúa un 4,05 % ante el dólar
A  nova  política  monetária  adotada  na  Argentina  estabelece  um  sistema  de  bandas  cambiais  para  manter  o  valor  do  peso  flutuando  em  relação  ao  dólar   -   David  Fernández/EFE/Direitos  Reservados

No fim de agosto, o BCRA elevou os juros de 45% para inéditos 60% para tentar conter a crescente desvalorização do peso, iniciada em abril e causada especialmente pela alta das taxas básicas de juros nos Estados Unidos, o que provocou uma corrida pelo dólar.

Em comunicado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BCRA informou que resolveu dar uma "precisão adicional" sobre as medidas que serão tomadas nos próximos meses.

O objetivo é dar mais previsibilidade na determinação da taxa de juros, que poderá começar a cair nos próximos meses com o fim do piso, e também nas intervenções que o BCRA pode fazer no câmbio.

Segundo a instituição, as expectativas de inflação começaram a "dar sinais de desaceleração". A média das projeções dos analistas consultados mensalmente pelo Banco Central ficou em 29% em novembro, contra 33,4% do fim de agosto, 32,9% de setembro e 32,1% em outubro.

"Isso representa uma queda acumulada em tal espaço de tempo de 4,4 pontos percentuais na expectativa de inflação anual", explicou a instituição no comunicado sobre as mudanças da política monetária.

"Como resultado da queda significativa nas expectativas de inflação durante dois meses consecutivos, e tal como estava contemplado, elimina-se o piso de 60% da taxa de juros", afirma no texto o Banco Central da Argentina.

O piso foi introduzido em 30 de agosto e mantido depois da implementação de um novo esquema monetário em setembro, um movimento tomado depois de o governo de Mauricio Macri ampliar o acordo financeiro com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Nesse momento, o BCRA priorizou manter o compromisso previamente assumido até quando o piso limitasse o caráter puramente endógeno que a taxa de juros tem em um regime de agregados monetários", explica a instituição.

O novo presidente do BCRA, Guido Sandleris, que assumiu o cargo em setembro, anunciou um sistema de bandas cambiais para manter o valor do peso flutuando em relação ao dólar. As cotações estabelecidas eram de, no mínimo, 34 pesos, e, no máximo, 44. Caso o dólar ficasse em um valor fora desse intervalo, o BCRA interviria no mercado para comprar ou vender a moeda americana.

As mudanças de hoje também estabelecem uma alteração desta faixa, com vigor até dezembro – 37,1 pesos, no mínimo, e 48 no máximo.

Os limites dessa área de não intervenção serão atualizados diariamente, segundo o BCRA, com uma taxa mensal de 2% entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de março do mesmo ano.