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Internacional

Irã convoca embaixador brasileiro para explicar nota do Itamaraty

Convocação foi atendida pela encarregada de Negócios em Teerã
Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 07/01/2020 - 12:12
Brasília
A damaged car, claimed to belong to Qassem Soleimani and Abu Mahdi al Muhandis, is seen near Baghdad International Airport, Iraq January 3, 2020 in this still image taken from video. Ahmad Al Mukhtar/via REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS IMAGE
© Ahmad Al Mukhtar/via REUTERS

Cinco dias após o Ministério das Relações Exteriores ter se manifestado sobre o bombardeio que os Estados Unidos realizaram em território iraquiano, usando drones, e que vitimou o general iraniano Qassem Soleimani e ao menos mais seis pessoas, o Ministério das Relações Exteriores do Irã convocou os representantes diplomáticos brasileiros em Teerã a comparecerem à chancelaria iraniana para explicar o teor da nota divulgada no último dia 3.

Segundo o Itamaraty, na ausência do embaixador Rodrigo Azeredo, que está de férias, a convocação foi atendida pela encarregada de Negócios do Brasil em Teerã, Maria Cristina Lopes. “Informamos que a Encarregada de Negócios do Brasil em Teerã, assim como representantes de países que se manifestaram sobre os acontecimentos em Bagdá, foram convocados pela chancelaria iraniana”, informou o Itamaraty, em nota, sem detalhar que outras Nações tiveram seus representantes convocados.

Na semana passada, o governo iraniano já havia convocado o embaixador da Suíça, que representa os interesses dos EUA no Irã, a se explicar sobre as ameaças que o presidente norte-americano Donald Trump fez logo após o ataque ao Iraque.

O Itamaraty também não revelou o teor da conversa, afirmando que trata-se de assunto reservado. “A conversa, cujo teor é reservado, e não será comentado pelo Itamaraty, transcorreu com cordialidade, dentro da usual prática diplomática", acrescentou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

Nota

Na nota divulgada na semana passada, o governo brasileiro manifesta seu apoio "à luta contra o flagelo do terrorismo" e afirma estar "pronto a participar de esforços internacionais que contribuam para evitar uma escalada de conflitos neste momento", não podendo “permanecer indiferente à ameaça [do terrorismo], que afeta inclusive a América do Sul".

O Itamaraty divulgou sua nota um dia após a ação ordenada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter matado Qassem Soleimani, principal general iraniano e considerado por muitos analistas como o segundo homem mais poderoso do governo iraniano. O ataque ocorreu nas proximidades do Aeroporto de Bagdá, capital do Iraque.

Em sua conta no Twitter, Trump procurou justificar a ação, declarando que as ações de Soleimani mataram ou feriram “milhares de americanos por um período estendido de tempo e ele planejava matar muito mais”. Trump também acusou o general iraniano de participar da morte de manifestantes iranianos em seu país e de estar planejando novos ataques a alvos norte-americanos.

Na nota da semana passada, o Itamaraty não comenta a morte do general iraniano, mas condena o ataque à embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, ocorrido dias antes. "O Brasil condena igualmente os ataques à Embaixada dos EUA em Bagdá, ocorridos nos últimos dias, e apela ao respeito da Convenção de Viena e à integridade dos agentes diplomáticos norte-americanos reconhecidos pelo governo do Iraque presentes naquele país", disse a nota.

Nos últimos dias, o ministro do Exterior do Irã, Mohammad Javad Zarif, tem se reunido com autoridades de países vizinhos e conversado, por telefone, com representantes de diversas Nações. Na página do ministério na internet, há imagens dos últimos dias de Zarif reunido com o ministro das Relações Exteriores de Omã, Yusuf bin Alawi, e com o ex-presidente afegão Hamid Karzai, além de, supostamente, conversando, por telefone, com os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas; da Índia, Subrahmanyam Jaishankar; do Paquistão, Shah Mehmood Qureshi; do Líbano, Gebran Bassil, entre outros.