Procuradores russos dizem que não é preciso investigar caso Navalny
Procuradores da Rússia disseram nessa quinta-feira (27) que não veem necessidade de uma investigação criminal sobre a doença repentina de Alexei Navalny, crítico do Kremlin, e que não há sinal de que algum crime tenha sido cometido. Apoiadores de Navalny suspeitam que ele tenha sido envenenado.
O Ministério do Interior informou que foi iniciada uma investigação preliminar do caso, mas que isso é rotineiro.
Navalny, de 44 anos, foi levado à Alemanha no sábado (22), depois de desmaiar em um voo da cidade siberiana de Tomsk a Moscou. Atualmente, ele está em coma induzido em um hospital de Berlim.
O hospital disse que seu exame médico inicial indicou envenenamento, mas médicos russos que trataram Navalny em um hospital da Sibéria rebateram esse diagnóstico.
A Procuradoria-Geral russa disse que não há indícios de que se cometeu um crime contra ele e divulgou comunicado afirmando que não viu justificativa para iniciar investigação criminal.
Autoridades alemãs concordam em cooperar com a Rússia no caso, disse a Procuradoria-Geral, pedindo que a Alemanha compartilhe informações sobre seu tratamento e prometendo fornecer algumas em troca.
A filial siberiana da unidade de transporte do Ministério do Interior disse que faz investigação preliminar depois que o voo de Navalny fez um pouso de emergência em Omsk.
Ela inspecionou o quarto de hotel em que o ativista se hospedou em Tomsk e as rotas que ele percorreu na cidade, além de analisar imagens de câmeras de vigilância da área. O ministério não encontrou nenhuma droga ou outras substâncias potentes.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reiterou a posição governamental de que não existe necessidade de investigação formal, mas que verificações preliminares sempre são realizadas em tais situações.
Os apoiadores de Navalny acreditam que ele foi envenenado por seus inimigos. Ele é uma pedra no sapato do Kremlin há mais de uma década, mostrando o que considera corrupção de alto nível e mobilizando multidões de jovens manifestantes.
O ativista foi detido diversas vezes por organizar reuniões públicas e comícios, processado devido às suas investigações sobre corrupção e impedido de concorrer à Presidência em 2018.
Nesta semana, o Kremlin disse que deseja que as circunstâncias do estado de Navalny venham à tona e que espera que o incidente não prejudique suas relações com o Ocidente.
Alemanha, França e outros países pediram à Rússia que investigue o caso, e ministros da União Europeia devem debater a situação de Navalny.