Burkina Faso: UE pede volta imediata à ordem constitucional
A União Europeia (UE) condenou hoje (26) o golpe de Estado em Burkina Faso, que provocou "a queda de um presidente eleito", Roch Kaboré, e pediu a volta imediata à ordem constitucional.
O alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, lamentou, em comunicado, a suspensão da Constituição e das instituições por membros das Forças Armadas agrupadas no chamado Movimento Patriótico para a Salvaguarda e Restauração (MPSR), e manifestou respeito pelas instituições republicanas.
"A UE faz um apelo à calma e à concórdia de todos os atores e pede a libertação imediata de todas as pessoas detidas ilegalmente, a começar pelo presidente Kaboré", afirmou.
O chefe da diplomacia disse que o bloco está atento à posição e às decisões tomadas pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), que condenou firmemente o golpe, "com vista a encontrar solução favorável para a situação".
"A UE lamenta que o diálogo não tenha prevalecido, particularmente em relação às questões de segurança nacional e à situação humanitária no país, que exigem resposta apoiada pela maioria para realizar reformas essenciais", disse o político espanhol.
Borrell afirmou ainda que o fracasso em restaurar a ordem constitucional terá consequências imediatas para a parceria da UE com o país.
"Juntamente com outros parceiros de Burkina Faso, a União Europeia continua firmemente empenhada em apoiar o país, para ajudá-lo a superar os muitos desafios que enfrenta", disse Borrel. Ele expressou solidariedade do bloco europeu a todo o povo de Burkina Faso.
A junta militar que dirige o país desde o golpe de Estado de segunda-feira (24) recebeu ontem apoio popular nas ruas, apesar da condenação da comunidade internacional, que repudia a ruptura da ordem constitucional e exige a libertação do presidente deposto.
O golpe foi confirmado na segunda-feira, depois de o país ter vivido momentos de tensão no domingo. Tiroteios em vários quartéis militares, em Ouagadougou e outras cidades, foram descritos inicialmente como motim para exigir melhorias nas Forças Armadas.
O golpe foi precedido, no sábado (22), por dia de manifestações não autorizadas, convocadas pela sociedade civil para expressar grande descontentamento social, agravado nos últimos meses pela insegurança gerada pela violência `jihadista`, e exigir a demissão de Kaboré.
Burkina Faso tem sido alvo de jihadistas desde 2015, e os ataques, atribuídos a grupos aliados da Al-Qaeda e do Estado Islâmico, causaram mais de 1,5 milhão de deslocados internos, segundo o governo.
O golpe de Estado é o quarto na região da África Ocidental, depois dos ocorridos no vizinho Mali (agosto de 2020 e maio de 2021), país que também enfrenta o terrorismo jihadista, e na Guiné-Conacri (setembro de 2021).
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