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Internacional

Colômbia elege Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda do país

Com discurso contra desigualdade, político prometeu reformas
Nelson Bocanegra, Oliver Griffin e Carlos Vargas
Publicado em 20/06/2022 - 11:24
Bogotá
Gustavo Petro discursa em Bogotá depois de vitória nas eleições presidenciais na Colômbia
© Reuters/Vannessa Jimenez
Reuters

Gustavo Petro, ex-membro do movimento guerrilheiro M-19 que prometeu mudanças sociais e econômicas profundas, conquistou a Presidência da Colômbia no domingo (19), tornando-se o primeiro candidato de esquerda na história do país.

Petro venceu o magnata da construção Rodolfo Hernández com uma margem inesperadamente ampla, de mais de 700 mil votos, no que analistas disseram ser uma demonstração da ânsia dos colombianos por esforços para combater a profunda desigualdade.

Petro, ex-prefeito da capital Bogotá e atual senador, prometeu combater a desigualdade com educação universitária gratuita, reforma previdenciária e altos impostos sobre terras improdutivas. Ele obteve 50,5% dos votos contra 47,3% de Hernández.

As propostas de Petro, especialmente a proibição de novos projetos de petróleo, assustam alguns investidores, embora ele tenha prometido respeitar os contratos atuais.

A vitória de Petro deve causar nervosismo no mercado financeiro até que seu ministério seja anunciado, disseram analistas à agência internacional de notícias Reuters no domingo.

"A partir de hoje a Colômbia muda; a Colômbia está diferente", disse Petro aos apoiadores em uma arena de shows de Bogotá. "A mudança consiste precisamente em deixar para trás o sectarismo."

"Não é hora de ódio, este governo, que começará em 7 de agosto, é um governo de vida", afirmou.

Alejandro Forero, de 40 anos, que usa cadeira de rodas, chorou quando os resultados foram divulgados.

"Finalmente, graças a Deus. Eu sei que ele será um bom presidente e ajudará aqueles de nós menos privilegiados. Isso vai mudar para melhor", disse Forero, que está desempregado.

Milhares de pessoas saíram às ruas em Bogotá para comemorar, com algumas dançando perto de seu maior local de votação sob chuva intermitente.

Esta campanha foi a terceira candidatura presidencial de Petro e sua vitória acrescenta a nação andina a uma lista de países latino-americanos que elegeram candidatos de esquerda nos últimos anos.

A vitória de Petro mostrou que as pessoas na Colômbia, onde quase metade da população vive em alguma forma de pobreza, estão ansiosas para combater a desigualdade, disse Daniela Cuellar, da FTI Consulting.

"O que a população colombiana demonstrou hoje é que está buscando um governo focado nas principais questões sociais", declarou ela. "As doenças da desigualdade de longa data da Colômbia, que foram exacerbadas pela covid-19, contribuíram para que o eleitorado buscasse uma mudança."

Mas um congresso fragmentado, onde uma dezena de partidos tem assentos, funcionará como um controle das propostas de Petro.

"A força institucional e o Estado de Direito da Colômbia parecem suficientemente robustos para que o país mantenha a estabilidade econômica", disse Cuellar. "Além disso, fazer campanha não é governar, as políticas de Petro serão mais moderadas."

"Mesmo que ele tente aprovar reformas radicais, ele não tem o apoio do Congresso para implementá-las", acrescentou.

Petro, de 62 anos, disse que foi torturado pelos militares quando detido por seu envolvimento com a guerrilha, e oficiais de alto escalão das Forças Armadas estavam se preparando para mudanças se sua vitória fosse confirmada.

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