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Internacional

Contas de energia para residências devem aumentar 80% no Reino Unido

Órgão regulador prevê outro reajuste em janeiro
Paul Sandle e Kate Holton - Repórteres da Reuters*
Publicado em 26/08/2022 - 09:57
Londres
Reuters

As contas de energia britânicas aumentarão 80% para uma média de US$ 4.188 por ano a partir de outubro, mergulhando milhares de lares na pobreza de combustível e colocando empresas em risco, a menos que o governo intervenha. A informação foi divulgada hoje (26) pelo órgão regulador, Ofgem.

O executivo da Ofgem, Jonathan Brearley, disse que o aumento deve ter enorme impacto nas famílias em todo o Reino Unido. Para ele, outro reajuste é provável em janeiro, já que a ação da Rússia para reduzir o fornecimento europeu levou os preços do gás no atacado a níveis recordes.

"Isso é uma catástrofe", disse o principal defensor dos direitos do consumidor do Reino Unido, Martin Lewis, alertando que as pessoas morreriam nesse inverno se se recusassem a cozinhar ou aquecer suas casas.

Brearley afirmou que a resposta do governo precisa corresponder à escala da crise. Uma proposta do Partido Trabalhista, de oposição, para congelar os preços da energia pode custar cerca de 60 bilhões de libras por ano - quase tanto quanto o programa de licença implementado na pandemia de covid-19

As pressões estão sendo sentidas em toda a Europa, mas no Reino Unido, que é particularmente dependente do gás, os aumentos de preços são lastimáveis.

Uma fatura média anual de 1.277 libras no ano passado atingirá 3.549 libras este ano, e a principal casa de análise Cornwall Insight disse que os preços provavelmente dispararão novamente em 2023.

A Cornwall Insight espera que as contas atinjam o pico no segundo trimestre, em 6.616 libras, e as famílias tenham que pagar cerca de 500 libras mensalmente por energia no próximo ano, uma quantia maior do que aluguel ou hipoteca para muitos.

O aumento empurrou a inflação para uma alta de 40 anos e o Banco da Inglaterra alertou para longa recessão. Apesar das perspectivas sombrias, a resposta do Reino Unido foi prejudicada pela corrida para substituir o primeiro-ministro Boris Johnson, que vai até 5 de setembro.

Os dois candidatos - a secretária de Relações Exteriores, Liz Truss, e o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak - entraram em conflito sobre como responder à questão. Truss, favorita na corrida, inicialmente afirmou que preferia cortar impostos do que dar "esmolas".

Os dois lados reconheceram que os mais pobres precisarão de apoio. O governo foi mais longe nesta sexta-feira, ao afirmar que as famílias devem observar quanta energia usam, depois de dizer anteriormente que as pessoas saberiam o que fazer.

Emergência Nacional

Os aumentos nos preços de energia no atacado são repassados aos consumidores britânicos por meio de um teto de preços, calculado a cada três meses. O mecanismo foi projetado para impedir que os fornecedores de energia lucrem, mas agora é o preço mais baixo disponível para 24 milhões de residências.

A volatilidade tem sido tão grande que quase 30 varejistas de energia faliram, e Ofgem disse que a maioria dos fornecedores do insumo no mercado doméstico não estava lucrando.

A varejista de energia E.on afirmou que o Reino Unido deveria acelerar seu plano de reduzir a dependência do gás. A Scottish Power pediu ao governo que crie um fundo para manter as contas baixas e distribuir o custo por um período de 10 a 15 anos.

Truss e Sunak sugeriram suspender as taxas ambientais ou cortar um imposto sobre vendas - propostas que foram rejeitadas por analistas, por serem consideradas muito pequenas para evitar o impacto nos orçamentos familiares.

O ministro das Finanças, Nadhim Zahawi, reconheceu que o teto de preço causaria estresse e ansiedade, e disse que a ajuda está a caminho.

A Ofgem acrescentou que o mercado está muito volátil para prever o próximo teto para janeiro, mas as condições do mercado de gás no inverno significam que os preços podem ficar "significativamente piores" até 2023.

*(Reportagem adicional de Paul Sandle e Kylie MacLellan)

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