Putin diz que sanções ocidentais à Rússia são ameaça para o mundo
O presidente russo, Vladimir Putin, disse hoje (7) que a “febre das sanções do Ocidente” representa ameaça para o mundo inteiro e sacrifica a vida dos europeus. Apesar das duras sanções, Putin afirma que é impossível isolar a Rússia.
Em discurso durante fórum econômico em Vladivostok, com foco na Ásia, o presidente russo afirmou que os países mais pobres estão perdendo o acesso aos alimentos.
A pandemia da covid-19 "foi substituída por novos desafios globais, que ameaçam o mundo inteiro. Refiro-me à febre das sanções do ocidente", disse Putin, denunciando "a teimosa recusa das elites ocidentais em ver os fatos" e "a dominação ardilosa dos Estados Unidos" na implementação de pesadas sanções contra a Rússia, após a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro.
"Mudanças irreversíveis ocorreram em todo o sistema de relações internacionais", afirmou.
No discurso, Putin acusou o Ocidente de tentar impor seu comportamento a outros países. Muitas empresas afastaram-se da Rússia, disse Putin, mas "agora estamos vendo como a produção e os empregos na Europa caem".
Acrescentou que apesar das duras sanções, a Rússia sairá da guerra com sua soberania fortalecida. “Tenho certeza de que não perdemos nada e não perderemos nada. Há alguma polarização, mas penso que só será benéfica”.
Li Zhanshu, presidente do principal órgão legislativo da República Popular da China, que participou do fórum, afirmou que "não importa o quanto alguém queira isolar a Rússia, é impossível fazer isso".
Putin e o presidente chinês, Xi Jinping, vão se reunir-se nos dias 15 e 16 de setembro em Samarcanda, no Uzbequistão, durante cúpula regional, anunciou a diplomacia russa.
Exportações de cereais
Putin denunciou, no discurso, que os cereais ucranianos – cuja exportação foi retomada em agosto após meses de bloqueio pelas forças russas – estão seguindo apenas para os países da União Europeia e não para os países pobres.
“Fizemos tudo para garantir que os cereais ucranianos pudessem ser exportados. Encontrei-me com os líderes da União Africana e prometi que tudo vai ser feito para garantir os interesses deles e que iríamos facilitar a exportação”, disse Putin.
“Fizemos isso em colaboração com a Turquia. Se a Turquia for excluída como mediadora, praticamente todos os cereais que saem da Ucrânia não vão para os países mais pobres, mas sim para a Europa”, acrescentou.
Vladimir Putin negou que a Rússia esteja usando a energia como arma contra a Europa, dias após o fornecimento de gás russo por meio do gasoduto Nord Stream ter sido interrompido.
"[Os ocidentais] dizem que a Rússia usa a energia como arma. Outra tolice! Que arma utilizamos? Nós fornecemos o quanto for necessário, de acordo com os pedidos feitos" pelos países importadores, disse Putin. "Deem-nos uma turbina e amanhã relançaremos o Nord Stream".
A gigante russa Gazprom informou, sexta-feira (2), que o gasoduto Nord Stream - que liga a Rússia à Alemanha e que deveria retomar o serviço no sábado após breve interrupção para operações de manutenção - seria parado totalmente até o reparo de uma turbina, sem especificar data para a volta.
O anúncio reforçou temores dos países europeus de um corte total do gás russo para o continente, com a aproximação do inverno e em um contexto de inflação galopante dos preços de energia.
A União Europeia acusou Moscou de utilizar o abastecimento de gás como meio de pressão no contexto do conflito na Ucrânia.
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