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Internacional

Sessenta religiosos foram expulsos ou deixaram a Nicarágua desde 2018

Informação é da ONG Coletivo de Direitos Humanos
RTP*
Publicado em 06/10/2022 - 07:32
Manágua
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

Sessenta religiosos da Igreja Católica saíram ou foram expulsos da Nicarágua desde abril de 2018, no contexto da crise sociopolítica, informou nessa quarta-feira (5) o Coletivo de Direitos Humanos Nicarágua Nunca Mais.

"Contamos mais de 60 religiosos que foram deslocados, privados do passaporte, da nacionalidade, da residência, impedidos de entrar na Nicarágua, ou que decidiram exilar-se", disse o advogado Yader Valdivia, um dos responsáveis pela documentação desses casos na organização humanitária.

A informação foi divulgada pelo Coletivo, constituído por ativistas nicaraguenses exilados na Costa Rica, em relatório sobre a situação de presos políticos, ilegalidade de organizações não governamentais (ONG) e "violência e perseguição brutal por parte do Estado contra a Igreja Católica".

Valdivia explicou que os religiosos têm sofrido deslocamentos forçados desde abril de 2018, quando uma revolta popular irrompeu por causa de reformas controversas da segurança social, e depois se transformou num movimento exigindo a demissão do presidente nicaraguense, Daniel Ortega.

Valdivia afirmou que pelo menos 30 religiosos "decidiram ir para o exílio a fim de proteger suas vidas e integridade física".

A ONG observou que "o deslocamento forçado de grupos religiosos é padrão generalizado em nível nacional".

"É uma das medidas tomadas pelo regime para silenciar as últimas vozes organizadas legítimas que existem na Nicarágua, como a Igreja Católica. O regime foi contra a mídia, contra as organizações de direitos humanos, contra os ativistas, a Igreja, os artistas", acrescentou.

Na Nicarágua, a Igreja Católica denunciou os ataques e o fechamento de uma dúzia de meios de comunicação.

Na semana passada, Daniel Ortega atacou a Igreja Católica, acusando-a de não praticar a democracia, de ser uma "ditadura" e uma "tirania perfeita" e de ter usado "os seus bispos na Nicarágua para encenar um golpe" contra o seu governo no contexto das manifestações, desde 2018.

O líder sandinista também classificou as hierarquias católicas nicaraguenses como "golpistas" e "terroristas".

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