Ataques de mísseis russos forçam Ucrânia a fechar usinas nucleares

Moscou diz que objetivo é reduzir capacidade de combate de Kiev

Publicado em 23/11/2022 - 13:38 Por Dan Peleschuk e Pavel Polityuk - Repórteres da Reuters - Kiev

A Rússia lançou mísseis em toda a Ucrânia nesta quarta-feira (23), forçando o fechamento de usinas nucleares e matando civis. Moscou continua sua campanha para mergulhar as cidades ucranianas na escuridão e no frio, conforme o inverno se aproxima.

Autoridades ao longo da fronteira na Moldávia disseram que a eletricidade também caiu em mais da metade de seu país. Foi a primeira vez que um Estado vizinho relatou danos tão extensos da guerra na Ucrânia, desencadeada pela invasão da Rússia nove meses atrás.

Um blecaute forçou o desligamento de reatores na Usina Nuclear de Pivdennoukrainsk, no Sul da Ucrânia, e nas usinas de Khmelnitskyi e Rivne, no Oeste, disse a empresa estatal de energia nuclear Energoatom.

“No momento, elas (as unidades de energia) trabalham em modo de projeto, sem geração no sistema de energia doméstico”, acrescentou a Energoatom.

Sirenes de ataque aéreo soaram em toda a Ucrânia, em um alerta nacional. Explosões puderam ser ouvidas nos arredores de Kiev, a capital, que estava mergulhada na escuridão. Autoridades da cidade disseram que uma pessoa morreu e uma ficou ferida em um prédio de dois andares que foi atingido.

Mais cedo, mísseis russos atingiram uma maternidade na região de Zaporizhzhia durante a noite, matando um bebê, disse o governador regional no serviço de mensagens Telegram. Explosões também foram relatadas em outras cidades, onde informações sobre vítimas não estavam disponíveis imediatamente.

Desde outubro, a Rússia reconhece abertamente ter alvejado os sistemas civis de energia e aquecimento da Ucrânia com mísseis de longo alcance e drones. Moscou diz que o objetivo é reduzir a capacidade de combate de Kiev e forçá-la a negociar. A Ucrânia afirma que os ataques à infraestrutura são um crime de guerra, com a intenção deliberada de prejudicar civis.

A Moldávia, assim como a Ucrânia, uma ex-república soviética que já foi dominada por Moscou, há muito se preocupa com a perspectiva de combates se espalhando por suas fronteiras.

"Apagão enorme na Moldávia após o ataque russo de hoje à infraestrutura de energia da Ucrânia", disse o vice-primeiro-ministro Andrei Spuni no Twitter, acrescentando que a operadora da rede estava tentando reconectar "mais de 50% do país à eletricidade".

A Moldávia, que compartilha um idioma com a vizinha Romênia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), tem um governo pró-Ocidente que pretende ingressar na União Europeia. As tropas russas ocupam uma faixa da Moldávia ao longo da fronteira ucraniana, reivindicada por 30 anos por separatistas pró-Rússia.

Com a primeira neve caindo no inverno geralmente gelado da Ucrânia, as autoridades se preocupam com o impacto dos cortes de energia que afetam milhões de pessoas.

Em discurso de vídeo durante a noite, o presidente Volodymyr Zelenskiy anunciou que "centros de invencibilidade" especiais serão criados na Ucrânia para fornecer eletricidade, aquecimento, água, internet, conexões de telefonia móvel e uma farmácia, gratuitamente e 24 horas por dia.

Os ataques às instalações de energia ucranianas ocorrem após uma série de contratempos da Rússia no campo de batalha, culminando neste mês com um recuo da cidade de Kherson, no Sul, para a margem leste do Rio Dnipro, que corta o país.

Uma semana depois que Kherson foi retomada pelas forças ucranianas, os moradores estavam derrubando outdoors de propaganda russa e substituindo-os por cartazes pró-ucranianos.

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